31 de maio de 2011

são tantos amarelos
tantos elos estranhos
castanhos e rosas
e prosas na calçada
na estrada multicor
tanta flor-parede
tanta rede de tintas
tantas pintas na paisagem
que a vi(s)agem se alegra
e toda regra é quebrada
Cada fada parece ter nascido
Neste lugar colorido
a lápis de cor
neste paraíso carnavalizado
deste lado da tela
aqui na Venezuela.

23 de maio de 2011

Já me fiz assim
pedaço de mim mesmo em desagravo
um cravo cravado no rosa dos teus conceitos
dois peitos deleite na boca da noite
e a vontade de xingar o mundo azul
de amarelo vômito e entranhas lavadas
Assim eu fiz assunto
um conjunto de rimas
e sons que saem perversos da carne
em disparada nos ouvidos do microfone
Já fiz do corpo na voz da joplin
o meu escravo mais fiel
e masturbei o lirismo com amores extáticos
Mas não me prendi ao gosto
bom que tu tens na vida
só percebi um pouco tarde
que tudo arde de viver

16 de maio de 2011

Nossos cios
são cicios
Nossos ossos
são destroços
nossos rumos
são aprumos
nossas ganas
são insanas
nossos traços
são em laços
nossos medos
são enredos
nossa cura
é a mistura

3 de maio de 2011

Já são quase seis
E ela parada
Imóvel como um buriti
Observa o vento caminhar
Sobre as águas
Não há mais brasa
No cigarro e mesmo assim
Sua apagada companhia
É palpável e necessária
Imprudente com a outra mão
empunha uma fotografia
Que parece ser de alguém
Meio apagado em tons de cinza
Sua boca entreaberta parece
repetir algum poema sem sonoridade
há cinco cães sentados ao seu redor
como a vigiá-la,
salvaguardando a sua dor
do sexto só se vê a cauda
parece vigiar a rua
quase entrando na moldura.