24 de março de 2012

Quero de um querer sem fim
E quero você em mim
Como um manto
Como um canto
Como o espanto
De se saber eterno
E quero terno
E loucamente plantar flores
Nos seus encantos
E quero tantos e tantos
Beijos ao luar
Que todo lugar
em nós será preenchido

até o olvido

20 de março de 2012

complexo
esse nexo
do conexo
entre sexo
e saber

o sabor
convexo
o amplexo
dessa flor
e do meu ser

publicado nos comentários ao poema "Ter-te é..." de Isabella Bella no blog http://isabella-coutinho.blogspot.com.br/

19 de março de 2012

Quero ser negro
como o café
cheiroso
como o café
doce como o café
mais doce
e ser energético como o café
sendo assim
uma fonte de prazer
como o café
se for derramado
quero ser espalhado
no teu colo e seio
como o café

quero estar no teu corpo
como o café!

16 de março de 2012

quando a nulidade da vontade
no meio da multidão
é o sentimento de euforia
que te faz amante do mundo
o que você diz, poesia?

12 de março de 2012

somente loucos moram em mim
beija minha poesia
se quiseres saber
de que cor é o céu
da boca
e quão louca
é cada gota suicida de chuva
pelo chão e pelo leito
de um rio

Não me deixes falar do frio
Que faz na minha pele
Quando não posso te vestir

As flores que conheço
São girassóis sem orelha
Coisas entreabertas
E uma centelha de gozo
Que não tem pétalas
Mas tem perfume

11 de março de 2012

Teu nome é poesia
A que ataca os loucos
Fantasiada de inspiração
E que compõe a canção
Dentro do compositor
Teu nome também é amor
Coisa de fazer suar e gemer
E também de grudar de prazer
Teu nome é gira
Nas rodas do candomblé
E há quem sugira
Que você é quem quer
Quando te dá na telha
As vezes mulher
As vezes centelha
Mas eu sei com meu botão

Que teu nome é...

9 de março de 2012

perdeu os brincos
perdeu os sapatos
perdeu a bolsa
e o que havia dentro
perdeu documento
e identidade
até a vontade
de resistir foi esquecida

decididamente perdida

7 de março de 2012

queria dar os braços
saiu na rua desesperada
ninguém queria braços
nem nada
só pernas e caras de revista
deixou-se deprimir
qual pasta de dentes
e foi esvaziando
o oco da existência
pelo sexo inútil
sozinha
não morreu nem se atirou
na Lagoa Rodrigo de Freitas
voltou pra casa
os braços recusados
caídos ao longo do corpo
preparou jantar à luz de velas
lavou a louça antiga do enxoval
levou o lixo para o quintal
sacou os braços
abraçando-se (in)ternamente
feliz jogou-os no lixo

6 de março de 2012

caça a palavra no ouvido alheio
como num rodeio
laça o seu corpo
com a língua úmida
arrasta os sentidos
pelos lóbulos enternecidos
até que a voz vítima
de bárbara tortura
chegue à altura
da palavra estuprada

depois não diga nada...

4 de março de 2012

quem come
o que pensa
compensa
o crime?