QUAL AMOR QUER
Feita a salvação da próxima alma
O que sobra da reza que não se fará
O que sobra do milagre não ocorrido
O que sobra do não vivido?
Feita a palavra na próxima linha
O que sobra da estrada que não será
Mais reta que a viagem do poeta
Pelos picos do não aplicado?
Feita a picada da consciência abismada
O que da culpa na gente não restará
Em pecados mal explicados
Pelas dobras do não existido?
É que enquanto você sobra
Quando toda a obra
Vem abaixo
Não sei mais se me encaixo
para Eli Macuxi em resposta ao seu poema "qualquer amor"
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
28 de maio de 2012
23 de maio de 2012
Por que não posso chorar
se tudo o que sei
é o que tenho a chorar
por que não posso rasgar minha pele
deixando que venha o mar
e me cubra de sal e sargaços
por que o sol me parece tão escuro
tão duro me parece o ar que respiro
e o giro do catavento não me alegra
por que os meus traços
diante do óbvio espelho
me perecem tão traiçoeiros
por que passar as horas
desconstruindo coisas
numa anomia sem fim
que saiba doravante
este ser que habita em mim
que discordamos ele e eu
em quase tudo o que ele fizer
se tudo o que sei
é o que tenho a chorar
por que não posso rasgar minha pele
deixando que venha o mar
e me cubra de sal e sargaços
por que o sol me parece tão escuro
tão duro me parece o ar que respiro
e o giro do catavento não me alegra
por que os meus traços
diante do óbvio espelho
me perecem tão traiçoeiros
por que passar as horas
desconstruindo coisas
numa anomia sem fim
que saiba doravante
este ser que habita em mim
que discordamos ele e eu
em quase tudo o que ele fizer
18 de maio de 2012
Se o ser humano naquela ponte
me dissesse o motivo
eu não entenderia
e faria referencia
à imortalidade dos fatos
na hora do prazer
explicaria o avesso
do voo da andorinha
com os flocos de neve
da efemeridade
agarraria o inseguro
de suas pernas
com o ar que respiro
tentaria dizer do medo
do vazio das finalidades
e juro que me atiraria
no seu lugar
me dissesse o motivo
eu não entenderia
e faria referencia
à imortalidade dos fatos
na hora do prazer
explicaria o avesso
do voo da andorinha
com os flocos de neve
da efemeridade
agarraria o inseguro
de suas pernas
com o ar que respiro
tentaria dizer do medo
do vazio das finalidades
e juro que me atiraria
no seu lugar
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