Tenho medo das coisas
Que não fingi
Tenho medo dos orgasmos
que tive
das inconseqüentes
carnes de verão
que misturei
em minha própria carne
depois esqueci
secando ao sol
tenho medo do sal
mumificante do mar
mais salgado que as lágrimas
que jamais derramarei
tenho medo dos sentidos
traiçoeiros
e das impressões
digitais
cuja carne metafórica
se esvai de tela
em tela
de corpos virtuosos
em virtudes efêmeras
mas aconchegantes
tenho medo das amantes
oh meu deus
como tenho medo delas
que amam efetivamente
tudo que em mim
é tão fingido e agreste
ou tão potente e distante
tenho medo das pequenas mortes
dos fortes sonhos de divindade
pois temo o mal de deus
usando meus medos
em mim
contra mim
eu queria ser mil
mas no fundo sou nenhum
incompleto
inacabado
construção de medos
e pavores aguerridos
de cujo fingimento
se diz identidade
Um comentário:
lindo isso, menina! Vc como sempre supera a tudo e a todos...
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