Esperar nos arcos da lapa
O tapa
da realidade
Nas costas (nuas) da cidade.
Penetrar cada abertura
Como quem costura
Um destino ébrio
Às calçadas da boemia
Fingir que é dia
De pular do bonde
Indo verticalmente onde
o destino for mesmo
que pra todo encanto
Seja preciso esquecer
Que você,
embora sazonal,
Ainda é normal.
3 comentários:
Oba, Miba!!!! Já estava com saudade!
Gostei da imagem desse poema, e o final me lembra o Wilson Batista declarando que "no Rio, nas tardes de verão, só não se apaixona quem não tiver coração...", ou seja, é normal!!!!!
Só não gostei foi do "mesmo"no fim do 12° verso. Lê-lo no início do 13°, ou depois de uma vírgula, seria mais agradável: o ritmo seria mantido e, além disso, "fecharia" um pouco mais o sentido do poema ... (alguns diriam que o caos é melhor, mas não controlo meu lado cartesiano...)
um beijo!
Na verdade, Eli, a idéia nem é caótica, é apenas de dar materialidade aos multiplos sentidos de "destino for" acompanhado de "mesmo". A quebra poderia ser (no sentido mais lógico) com o "mesmo" iniciando o verso seguinte, mas aí, como você mesma diz, o sentido ficaria preso a uma idéia adversativa. Na verdade, do modo como está, pode-se tratar o "mesmo" como um elemento enfático do fado/destino, com um sentido de que não importa "onde" se vai. A retomada, no verso seguinte com o conectivo "que", do sentido original, sacode om leitor. Isso desestabiliza um pouco a leitura e, creio, quebra, internamente, o marasmo de um poema ritmico e rimado. Um beijo em você minha poetiza que não considero nem um pouco cartesiana.
Mibi
É, eu compreendi a intenção, e quando escrevi que não gostei da tua opção, pode ler como um PÔ!, afinal, é esse o teu intento... fato é que não gosto do que me desestabiliza a leitura, sacando-me da zona de conforto.
E isso é sim, ser meio cartesiana...
hahahah
uma terapia esses blogs!
beijo!
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