6 de setembro de 2010

Tenho um diabo dentro de mim
E esse diabo tem um nome
De mulher tatuado num pedaço
Obsceno e gasto do corpo

As coisas que ele sonha e realiza
São coisas que suprimo e tento
Sublimar com álcool e cortinas de fumaça
Ou despacho numa esquina

Tenho um diabo dentro de mim
Nesse corpo que o tempo
Começa a esquecer nas dobras
Amolecidas dos relógios de Dali

E as coisas que reitero de sua prática
São fatos históricos em Gomorra
E heróicas narrativas de cafajeste
Que os netos ouvirão com descrença e fastio

Tenho um diabo burguês dentro de mim
E com seiscentos milhões de quiabos
Acho que ele está construindo
Um duplex na minha barriga

2 comentários:

Elimacuxi disse...

Mibi
Não gosto da associação do diabo ao feminino, nesse poema. Você é capaz de mais do que isso.
Já o diabo burguês, que delícia de demônio!E pensando bem, até que o duplex dele nem é tão espaçoso assim, não?
Beijo

Isabella Coutinho disse...

acho que todos carregamos um pouco de maldade dentro da gente. o que acontece é que alguns não sabem lidar com isso e outros fazem poesia...rsrsr
beijo meu querido!