Deixe estar a chaleira no fogo
Deixe que as coisas queimem
E que a poeira se alastre
Só nos dois temos direito
De nos movermos antes
E depois do universo
Só nós dois sabemos o gosto
Que nossos corpos têm
No corpo da madrugada
Deixe estar essa preocupação
Com a eternidade do amor
Refugie seus medos e razão
na efemeridade do gozo
Sem a qual não haveria o sem fim
Deite em mim os dentes e unhas
A realidade é só o que temos
Para agarrar e narrar
Enquanto não aparecem os netos
Deixe - se finalmente encantar
Com as cotovias da alvorada
Se nossa vida nos for proibida
Temos nossas marcas e cheiros
Busquemos ainda festeiros
Este pequeno morrer
As coisas que giram ao redor
Terão o valor da memória
E dançaremos sempre com as estrelas
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