15 de junho de 2010

A tradição trai
Traduz uma luz
De tempos idos
E referidos fatos
Teatrais
E faz mais barulho
Que o entulho
Acumulado em escombros
Recém inaugurados
Mas é apenas mais um raconto
Um ponto de velhos fingidores
São dores de outras eras
São feras a espera de presas
São mesas postas
Em dias de feriado
E o embargado dos sentidos
Que constroem no dia-a-dia
A sensação de comodidade
São a verdade coroada
E nua diante da criança
São a dança dos fatos
Vencidos numa trama
Que tudo naturaliza
A monalisa sem bigodes
Os pagodes cujo imperador
Não impera
Uma quebra de contrato
Assinada de antemão
A mão na roda (do leme)
A coda dos vencidos
E vencedores
As cores de uma bandeira
São a maneira
De amaneirar-se
A catarse das entrelinhas
Às vinhas do absurdo
O mudo olhar que revela
Uma narrativa da paz
e prosperidade
uma vontade
de parecer semelhante
um gigante que não
se desgoverna
uma caverna com vultos
os cultos e cultuados
os magistrados
e suas pastas
as castas
maneiras do ser
ou não ser
uma mulher Captada
em adultério duvidoso
ou o formoso que canta
na sacada
uma espada
uma lei
A tradição
é coisa de rei
que nunca voltou
mas sempre virá
É um lá e cá infinito
é o bonito do agora
que é feio e sem nexo
só não é sexo
porque a tradição
é assexuada e traidora
e com sexo não é possível
trair
apenas atrair
mais seguidores
que virão no porvir
ou nonada.
A tradição trai
Atrai uma luz
Muito relativamente
E torna massa
Divergente de sua energia
E cria embargos
E cargos desnecessários
A tradição embora assustadora
É quem nos monitora
Desde antes de oitenta e quatro
É o entreato platônico
É o hecatômbico acaso
Do Caos
O atraso menstrual
O formal pedido
Perdido no espaço
Um passo dado em falso
Em busca de um tempo
Acabado
É um não acabar um poema
Só por monotonia
É um dia
Era uma vez
A verdade mais densa
É quem pensa
Que pensa melhor calado
Polifonicamente
É a serpente
Culpa, expiação e buracos
Nas fechaduras
A tradição mente
Mas não é diferente
de si mesma
lesma de rimas óbvias,
é aderente.

A tradição não faz nenhum sentido
Porque os sentidos
Já nascem para ser educados
traídos
atraídos
E traduzidos
Aos bocados.

2 comentários:

Isabella Coutinho disse...

ameeeeeii!
talvez anarquista, mas e daí?
causou o meu "pô" de hoje, certamente...
bj
Bella

Unknown disse...

Meu caro primogênito, gosssssstei! Não posso dizer ameeeeeii! para não pegar mal. Recebeu os desenhos? Se recebeu porque não disse se gostava ou não? Um beijo
Chicomibielli