Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue.
Arte ao fundo de Francisco Mibielli
26 de abril de 2011
tensão
na beira do rio
brincavam crianças
o homem olhou um átimo
as gotas espalhadas na cena mormacenta
a enormidade de borboletas amarelas
manchando a tela em torvelinho
ah morena velha se o que sobra de ti me coubesse e se a metade cara do mundo soubesse eu nem me importava teu patuá eu Aliciava tuas defesas eu derrubava e mesmo Cy tu não deixava eu ia morar contigo no céu da estrada
Se você me pedir a vós eu dou e dou a palavra que de outras partes também é servida a mesa da vida se você me pedir as pernas eu dou para que o seu caminho seja o mesmo que vou trilhar se você me pedir o olhar eu dou de quebra a boca, a cara toda pra você lambuzar do jeito certo do jeito errado se você me pedir os braços com ou sem abraços eu dou até mais os dedos a mão amiga mas não me peça os ombros coisa de morder e deitar a cabeça porque a consciência fica sem ter onde morar
treinemos até perdê-la pois já sei bem o que quero ombros travesseiros, travessuras mordiscadas em silêncio sei bem como me sinto e nessa hora a ciência não é bem vinda no recinto.
Ah que tu é má como a vontade de Duília querendo desalojar a consciência de suas curvas e saboneteiras querendo que eu me deixe guiar pelos desvãos de olhos fechados eu que quero saber os caminhos em travessuras, queijos e vinhos de treinamento tão intenso eu que quero saber se mereço as travesseiradas logo cedo antes do café com cheiro de noite interrompido na metade por conta de outra vontade Como vou te achar novamente quando eu for eu mesmo se não tiver consciência do gosto do rosto do resto que leva a sua residência?
É disso que estou falando do lácteo da via retesado em cometas que não cometem das lágrimas dos crocodilos cujas bocas já estão abertas é do líquido escorrendo da pira e da lira enlouquecida por nero é disso que quero
Ah como é cordato esse infante e como é falante sua lança é como se ele já não conhecesse a dança e achasse ser descontentamento o que deveras sente a dama em seu tingimento Mas mascarada de um momento carnaval em última instância o infante segue na justa entre o confete o brilho a saia curta procurando uma fragrância vê indícios vê resquícios vê precipícios precipitado que é ele se move caótico de uma perna a alma feita em carne as fatias pingando fogo até tornar-se osso
15 comentários:
Será que ainda posso ser Alice?
Eu aquela que enjoou-se
de ser doce e na velhice
prematura
se segura sob as sobras?
ah morena velha
se o que sobra de ti
me coubesse
e se a metade
cara do mundo soubesse
eu nem me importava
teu patuá eu Aliciava
tuas defesas eu derrubava
e mesmo Cy tu não deixava
eu ia morar contigo
no céu da estrada
dou-te as sobras
sombras de outrora
projetos
e dejetos dessa lavra
dê-me os ombros
mãos ávidas
a vida
e assombros sem palavra
sobre escombros
construiremos estradas
Se você me pedir
a vós eu dou
e dou a palavra
que de outras partes
também é servida
a mesa da vida
se você me pedir
as pernas eu dou
para que o seu caminho
seja o mesmo que vou
trilhar
se você me pedir
o olhar
eu dou de quebra
a boca, a cara toda
pra você lambuzar
do jeito certo
do jeito errado
se você me pedir
os braços com ou sem abraços
eu dou até mais
os dedos
a mão amiga
mas não me peça os ombros
coisa de morder
e deitar a cabeça
porque a consciência
fica sem ter
onde morar
Podemos treinar consciência?
sentir
dedos boca pêlos pés
seguir
caminhos sonhos manhas
doar
vagos carinhos
treinemos até perdê-la
pois já sei bem o que quero
ombros travesseiros, travessuras
mordiscadas em silêncio
sei bem como me sinto
e nessa hora a ciência
não é bem vinda no recinto.
Ah que tu é má
como a vontade de Duília
querendo desalojar a consciência
de suas curvas e saboneteiras
querendo que eu me deixe guiar
pelos desvãos de olhos fechados
eu que quero saber os caminhos
em travessuras, queijos e vinhos
de treinamento tão intenso
eu que quero saber se mereço
as travesseiradas logo cedo
antes do café com cheiro de noite
interrompido na metade
por conta de outra vontade
Como vou te achar novamente
quando eu for eu mesmo
se não tiver consciência
do gosto
do rosto
do resto
que leva a sua residência?
tensão
é sombra e sobra do tesão
e se instala
no vazio do quarto e da sala
quando frente às promessas
o par resvala
em inverdades desditas...
Desdita é ter que dizer
exatamente o que se pode ouvir
ainda que tudo transpire
para que o vaso em que vai o leite
não se par ta
Então não parta
fique e pire
nesta pira.
Queimada de leve
a revelada pele
se estira...
derrame-se o leite
e não haja mais
sobre o quê chorar.
É disso que estou falando
do lácteo da via
retesado em cometas
que não cometem
das lágrimas dos crocodilos
cujas bocas já estão abertas
é do líquido escorrendo da pira
e da lira enlouquecida por nero
é disso que quero
Aflito ele grita
as regras de um falso jogo
quer a água que ela agita
para acender seu fogo
ela se faz de difícil
torcendo apenas: "não desista"
olha pro lado em silêncio
e nega uma última pista.
Ah como é cordato esse infante
e como é falante
sua lança
é como se ele já não
conhecesse a dança
e achasse ser descontentamento
o que deveras sente
a dama em seu tingimento
Mas mascarada de um momento
carnaval em última instância
o infante segue na justa
entre o confete o brilho a saia curta
procurando uma fragrância
vê indícios
vê resquícios
vê precipícios
precipitado que é
ele se move caótico de uma perna
a alma feita em carne
as fatias pingando fogo
até tornar-se osso
duro de roer
mas pacífico fóssil
Volto à cena mormacenta
reencontro de eras
hera sobre a murada
e amarelas borboletas
Abaixo do céu cinzento
a mulher trabalha
extasiada com a refrega,
não nega
a intensidade da batalha
Pirro ficaria honrado
com tantas quebradas lanças
com tão vivas esperanças
em noites de sexta-feira
quebra esse espelho e lança
sobre os cacos-precipício
laços do ofício atados sem dó
diz a si
- suplício -
desencane
durma só
Sete voltas deu nossa Alice
sete sonhos foram descartados
todos os lados do poliedro
todos os sorrisos do gato
sem as botas
Sua fantasia era verdade
sua verdade lhe dava azia
O gato/leão – covarde -
não lhe dera companhia
Na espera o frio dos pés
lhe entrou na carne dos ossos
e os olhos dos poços
segaram.
As borboletas indiferentes
encasularam
não,
não sonhara Alice
nada que não visse
nos olhos do gato:
frio não havia
borboletas e casulos
denunciavam que era
primavera
e os volteios da criança
eram somente um convite
pra mais uma dança.
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