Foge comigo
Vem ver quem fui
Quem fomos
Antes do infinito
Foge comigo pra além
De Pasárgada onde os vagalumes
São funcionários públicos
E iluminam a vida por profissão
E a razão não está com quem tem
Mas com quem faz
Seja o que for que seja feito
Como uma mão no peito
Que deve por pudor ser retirada
Foge comigo ainda que por um segundo
E incendiemos o mundo
Com a noção do proibido
Dos desejos que podemos ocultar
do lar de sonhos que somos juntos
E dos assuntos que não podemos falar
Sem invocar o impossível
Foge comigo pra dentro de nós
E solte a voz da montanha
Em seu vôo sobre abismos
libertando os sobressaltos que temos
dos nossos medos e cismos
foge comigo naquele bonde
de pernas em que o conhaque
nos põe tão sensíveis e desesperados
que o coração de todos os lados
e infinitos desce da lua onde se esconde
e no seu condado se torna Sade
foge comigo ainda que um dia
a gente se arrependa
da irresponsabilidade
e diga com vontade
que tudo não passou em vão
mas foi um sonho
de uma noite de verão
Um comentário:
Desculpa, eu não posso deixar de comentar... a sua poesia não me deixa dormir, prefiro sonhar acordada com esse poema maravilhoso!! digno da mais prestigiosa antologia, bjs
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