28 de julho de 2012

Foge comigo

Foge comigo

Vem ver quem fui

Quem fomos

Antes do infinito



Foge comigo pra além

De Pasárgada onde os vagalumes

São funcionários públicos

E iluminam a vida por profissão

E a razão não está com quem tem

Mas com quem faz

Seja o que for que seja feito

Como uma mão no peito

Que deve por pudor ser retirada



Foge comigo ainda que por um segundo

E incendiemos o mundo

Com a noção do proibido

Dos desejos que podemos ocultar

do lar de sonhos que somos juntos

E dos assuntos que não podemos falar

Sem invocar o impossível



Foge comigo pra dentro de nós

E solte a voz da montanha

Em seu vôo sobre abismos

libertando os sobressaltos que temos

dos nossos medos e cismos



foge comigo naquele bonde

de pernas em que o conhaque

nos põe tão sensíveis e desesperados

que o coração de todos os lados

e infinitos desce da lua onde se esconde

e no seu condado se torna Sade




foge comigo ainda que um dia

a gente se arrependa

da irresponsabilidade

e diga com vontade

que tudo não passou em vão

mas foi um sonho

de uma noite de verão

Um comentário:

Unknown disse...

Desculpa, eu não posso deixar de comentar... a sua poesia não me deixa dormir, prefiro sonhar acordada com esse poema maravilhoso!! digno da mais prestigiosa antologia, bjs