Sem estrondo nem
dilúvio
acabou o sal e a ferida
nem vazio nem saída
apenas um ronco surdo
numa máquina
desgastada
velha num porão
barulhento
e empoeirado do corpo
lasso
a hidráulica deficiente
não proveu de lágrimas
o chafariz da praça de
eventos
apenas os olhos
fechavam-se
de vez em quando
estupefatos
tudo tem fim dizia uma voz
de aeroporto cancelando
viagens
e um tumulto de imagens
do ainda porvir rolava
no pó
daquelas já vistas
centenas de vezes
com a certeza do
infinito e além
uma tontura de saber-se solto e rude
arranhava a garganta
por dentro
como um lamento de
chorinho
de um compositor
desmotivado
Não havia mais nenhuma sorte
nem dois lados na moeda
apenas a queda
infinita
e in
di
fe
rente
ao desespero
de saber-se acordado
e sem rumo
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