Diários da danação I
hoje o suicídio
deixou os lençóis
intactos
não dormiu em casa
comigo
deve ter saído de bar
em bar
procurando vítimas sem
potencial
é prematuro dizer que
a cura
existe e que o desejo
das arestas
e a vertigem da
autopiedade
resolveram me abandonar
serei menos completo
assim
espero que a dúvida
não seja uma
substituta
ainda mais faminta e
cruel
mas sinto falta da
sensação
de poder acabar com
isso
hoje o dia nublado
não me enganou em nada
escondido e radiante me
observa
cada passo indecidido
entre o carro e o
elevador
de carro posso ir ao muro de pedra
a cento e cinquenta
quilometros por hora
e pensar sentindo as
ferragens
se comprimindo eu
consegui
exultante ou duvidando
não importa
ou posso voar como nos sonhos
como uma flecha
envenenada de si
e de realidade
sobre as
insignificantes formiguinhas
da calçada
e ironicamente rebentar
numa gargalhada
do chão eu não passo
Nenhum comentário:
Postar um comentário