Doe amor a cada nova mancada
A cada pancada que levar de outro ente
Doe amor justa ou injustamente
Como quem doa a própria semente
Doe dor aos tambores e gritos
E aos processos infinitos do amar
Doe a carne se preciso for
Ainda que tarde a certeza do amor
E doe as feridas do morder e do sugar
Como quem se dá à fome do olhar
Doe casa aconchego e até a lareira
Doe a arrumadeira e os sapólios
Deixe tudo pronto e arrumado
Só não limpe o aroma do doar
Doe o ar dos seus pulmões
E os pães que se hão de comer
Doe para ser doada em igual medida
Doe para a vida e a pequena morte
Se puder doe a sorte de poder doar
Doe sempre e tudo mesmo a quem não precisa
pois doar só dói pra quem se economiza
Nenhum comentário:
Postar um comentário