7 de junho de 2010

Te queria como querem
As bolsas o seu conteúdo
Te queria tanto e como
De modo que se não fora
Que fosse dubiamente
Te queria desse jeito
Tão rompante
Que de tão infante
Me infartei
De ti

3 comentários:

Sandálias do Outono disse...

Roberto, sempre desconfiei que o desejo das bolsas é vomitar o conteúdo e não retê-lo. Seu poema diz o contrário: afirma que as bolsas desejam o conteúdo, como um ventre deseja a fertilidade. Bolsas e ventres implicam vazios. Então, o conteúdo simboliza a plenitude, que deverá encher o coração, essa bolsa involuntária recheada de amores e gritos. "Não 'enfarte' ainda, não, eu tenho um violão e nós vamos cantar..."

Unknown disse...

mas é mais ou menos isso...há quem ache que as bolsas servem para guardar coisas, outros para perdê-las, outros ainda para abrí-las benevolentemente ao mundo. Neste caso o freguês-leitor é quem manda. Este desejo pode ser cruelmente dúbio, assim como o in fartar-se pode ser tornar-se "farto de" (especialmente no caso dos amores muito melados), o que de certa forma aponta no sentido da morte (por infarto)do coração e, simbolicamente, do amor. Por outro lado há o desejo tão intenso, que, tal e qual no "Império dos sentidos", mata (neste caso de infarto (de fartura). O conteúdo das bolsas é, quase sempre, uma efeméride, pq entra e sai de acordo com os usos que se faz. Ele importa pq é o amor, mas é destacável/permanente (depende da bolsa e do freguês), também podendo ser fútil/leviano/comercial (pago). Acho que a idéia é mais ou menos essa. Tanto se morre em bordéis, quanto amores eternos morrem também.

Sandálias do Outono disse...

Eu que cri na eternidade do amor durante grande parte da vida, hoje trago como crença o oposto disso: se é amor, há de morrer. Porque amor é vida, logo...

Meu beijo.

Charles.