Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue.
Arte ao fundo de Francisco Mibielli
7 de junho de 2010
Te queria como querem
As bolsas o seu conteúdo
Te queria tanto e como
De modo que se não fora
Que fosse dubiamente
Te queria desse jeito
Tão rompante
Que de tão infante
Me infartei
De ti
Roberto, sempre desconfiei que o desejo das bolsas é vomitar o conteúdo e não retê-lo. Seu poema diz o contrário: afirma que as bolsas desejam o conteúdo, como um ventre deseja a fertilidade. Bolsas e ventres implicam vazios. Então, o conteúdo simboliza a plenitude, que deverá encher o coração, essa bolsa involuntária recheada de amores e gritos. "Não 'enfarte' ainda, não, eu tenho um violão e nós vamos cantar..."
mas é mais ou menos isso...há quem ache que as bolsas servem para guardar coisas, outros para perdê-las, outros ainda para abrí-las benevolentemente ao mundo. Neste caso o freguês-leitor é quem manda. Este desejo pode ser cruelmente dúbio, assim como o in fartar-se pode ser tornar-se "farto de" (especialmente no caso dos amores muito melados), o que de certa forma aponta no sentido da morte (por infarto)do coração e, simbolicamente, do amor. Por outro lado há o desejo tão intenso, que, tal e qual no "Império dos sentidos", mata (neste caso de infarto (de fartura). O conteúdo das bolsas é, quase sempre, uma efeméride, pq entra e sai de acordo com os usos que se faz. Ele importa pq é o amor, mas é destacável/permanente (depende da bolsa e do freguês), também podendo ser fútil/leviano/comercial (pago). Acho que a idéia é mais ou menos essa. Tanto se morre em bordéis, quanto amores eternos morrem também.
Eu que cri na eternidade do amor durante grande parte da vida, hoje trago como crença o oposto disso: se é amor, há de morrer. Porque amor é vida, logo...
3 comentários:
Roberto, sempre desconfiei que o desejo das bolsas é vomitar o conteúdo e não retê-lo. Seu poema diz o contrário: afirma que as bolsas desejam o conteúdo, como um ventre deseja a fertilidade. Bolsas e ventres implicam vazios. Então, o conteúdo simboliza a plenitude, que deverá encher o coração, essa bolsa involuntária recheada de amores e gritos. "Não 'enfarte' ainda, não, eu tenho um violão e nós vamos cantar..."
mas é mais ou menos isso...há quem ache que as bolsas servem para guardar coisas, outros para perdê-las, outros ainda para abrí-las benevolentemente ao mundo. Neste caso o freguês-leitor é quem manda. Este desejo pode ser cruelmente dúbio, assim como o in fartar-se pode ser tornar-se "farto de" (especialmente no caso dos amores muito melados), o que de certa forma aponta no sentido da morte (por infarto)do coração e, simbolicamente, do amor. Por outro lado há o desejo tão intenso, que, tal e qual no "Império dos sentidos", mata (neste caso de infarto (de fartura). O conteúdo das bolsas é, quase sempre, uma efeméride, pq entra e sai de acordo com os usos que se faz. Ele importa pq é o amor, mas é destacável/permanente (depende da bolsa e do freguês), também podendo ser fútil/leviano/comercial (pago). Acho que a idéia é mais ou menos essa. Tanto se morre em bordéis, quanto amores eternos morrem também.
Eu que cri na eternidade do amor durante grande parte da vida, hoje trago como crença o oposto disso: se é amor, há de morrer. Porque amor é vida, logo...
Meu beijo.
Charles.
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