Quero pensar nas palavras
que não tenho nos bolsos
nas palavras cegas que tateiam
na minha garganta
criando pigarros na busca de luz
nessas palavras órfãs do medo
abortadas e reengolidas
com sapos e sapiência
Quero pensá-las de lado
Como uma musa gorda
De Rafael ou Boticelli
Expondo seu corpo
Imenso de prazer e sombras
E colocá-las junto às flores
Na cesta com outras mortes
Quero espremê-las na glote
Torcê-las no ventre
Antes que se tornem gemidos
Expulsá-las dos ouvidos
até que não se possa cogitar
os motivos que têm para continuar
insistindo em existir
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