23 de maio de 2011

Já me fiz assim
pedaço de mim mesmo em desagravo
um cravo cravado no rosa dos teus conceitos
dois peitos deleite na boca da noite
e a vontade de xingar o mundo azul
de amarelo vômito e entranhas lavadas
Assim eu fiz assunto
um conjunto de rimas
e sons que saem perversos da carne
em disparada nos ouvidos do microfone
Já fiz do corpo na voz da joplin
o meu escravo mais fiel
e masturbei o lirismo com amores extáticos
Mas não me prendi ao gosto
bom que tu tens na vida
só percebi um pouco tarde
que tudo arde de viver

3 comentários:

Isabella Coutinho disse...

depois de partido
em mil pedaços
fragmentado pelo desejo
alquebrado da volúpia
insano
instante
depois de tudo
e depois da tristeza
quero te dar meus versos
e esse imenso
desconhecido que sou
o tempo urge
mas não é tarde
vem...

Elimacuxi disse...

Cores vivas de tecido morto
cravos e dormentes
não é porto a pele insana do poeta
esteta da semana
mostra os dentes
e escancara o que lhe arde
na entranha entreaberta:
ossos escravos
e atraso na descoberta.

Unknown disse...

A este ser de imenso atraso
que tem o azo de ser poeta
a este fragmento de meta
cuja escravatura está engastada
nos ossos do ofício
a este vício de ser e não ser
e não ter questão nem trilhos
aos ladrilhos que cercam o ralo
ao falo da estética em fragmentos
aos lamentos dos que sentaram
na instalação imaginando-se
num banco de praça
a quem acha graça da dor alheia
a quem aquém de mim
aguou o jardim em momentos de apuro
ao muro
eu dirijo minhas palavras
as pessoas realmente só nascem
quando são inventadas