Já convidei as rosas
Para sua ceia
À luz de velas
E disse ao telefone
Que fique mudo
Ou que se suicide no jardim
O vinho tinto está ébrio
Com o que adivinhou
E bebeu das minhas intenções
Mas creio que é das taças
Que provém esta música
Meio romântica meio sensual
Que infunde em minha carne
Gentilezas e trapaças
É com essas mãos que sonham
O contorno dos seus lábios
De modo brincalhão como
Uma promessa de beijo
Adiado por maldade
Que sairá a resposta
Que sua esfinge úmida
De esperar anseia
E será baco que ficará
Bobo de inveja depois
que mãos e tudo o mais
se sintam em casa
Mas para que tudo seja
Perfeito completo e nada falte
Preciso primeiro encontrar
Um você que me aceite
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
16 de dezembro de 2013
11 de dezembro de 2013
Três mulheres no mesmo ninho
E eu sozinho no mundo
imaginando as do sabonete Araxá
Três musas três aviões
Três visões do infinito
A três tudo parece bonito
Não há indecisos nem dispersos
Só versus e avessos
Completados e incompletos
Corpo espaço emoção
Mão e contramão
Desencontradas e ao acaso
Um vôo raso sobre o perigo
O abrigo dos olhos calmantes
Na terra infantil dos abraços
braços e braçadas pela sobrevivência
Ciência do culto à liberdade
Vontades com forma triangular
Alguém para quem voltar
sempre
E eu sozinho no mundo
imaginando as do sabonete Araxá
Três musas três aviões
Três visões do infinito
A três tudo parece bonito
Não há indecisos nem dispersos
Só versus e avessos
Completados e incompletos
Corpo espaço emoção
Mão e contramão
Desencontradas e ao acaso
Um vôo raso sobre o perigo
O abrigo dos olhos calmantes
Na terra infantil dos abraços
braços e braçadas pela sobrevivência
Ciência do culto à liberdade
Vontades com forma triangular
Alguém para quem voltar
sempre
4 de dezembro de 2013
POEMA PARA UMA BONECA NO LIXO (extraído de uma imagem apresentada pela Professora Elimacuxi, ministrante da Oficina de produção poética constante da programação do Festival TOMARROCK, hoje de tarde, à beira do Rio Branco)
será um homem meu deus
que vejo no lixo
será que outro bicho
invejoso da sua condição
transformou a criação em dejeto
ou o projeto divino falhou
e o destino esse malcriado
é mesmo assim jogado
olhando bem parece uma boneca
mas que estranho lugar
pra alguém querer brincar
que vejo no lixo
será que outro bicho
invejoso da sua condição
transformou a criação em dejeto
ou o projeto divino falhou
e o destino esse malcriado
é mesmo assim jogado
olhando bem parece uma boneca
mas que estranho lugar
pra alguém querer brincar
borboletas e flores
beleza do caminho
opressão do ancinho
não me representam
planos trienais
ordem psicodélica
perspectiva simbólica
não me representam
jornal nocional
nação de chuteiras
narrador sem noção
não me representam
beleza padrão
pedir sua mão
viver solitário
não me representam
tiro no escuro
que há detrás do muro
e o próprio futuro
não me representam
riquezas da terra
entrelugar
e o ter sem estar
não me representam
eu mesmo não me sei
por mim representado
especialmente quando
me vejo espantado
beleza do caminho
opressão do ancinho
não me representam
planos trienais
ordem psicodélica
perspectiva simbólica
não me representam
jornal nocional
nação de chuteiras
narrador sem noção
não me representam
beleza padrão
pedir sua mão
viver solitário
não me representam
tiro no escuro
que há detrás do muro
e o próprio futuro
não me representam
riquezas da terra
entrelugar
e o ter sem estar
não me representam
eu mesmo não me sei
por mim representado
especialmente quando
me vejo espantado
Poema comemorativo
Nesse vinte e um de dezembro
Faz um ano que o mundo não acabou
Não se acabaram as esperanças
Não se acabaram as lembranças
Não acabou o porvir
As pessoas boas continuam acontecendo todo dia
As coisas boas continuam acontecendo todo dia
ainda é lindo por do sol sobre o mar do Arpoador
A dança das baleias e seus gritos misturados
Aos das aves marinhas e ao rebolar das ondas
Sobre a areia num sambismo infinito
O amor dos amantes abaixo de céus e terras
E de um Shakespeare conformado
nunca se transformou em casulos e borboletas
a sagrada família do burgo continua reivindicando
o direito à exclusividade do existir e à exclusão
o louco pedinte da calçada anuncia
num pedaço velho de papelão
o que não aconteceu deveras
Os filmes de Hollywood continuam chatos
E os livros de auto-ajuda imóveis na prateleira
Não criaram vida nem se suicidaram
(o que talvez deponha contra a dita
ajuda que prometem se dar)
o pão colonizado do bolor de memórias
de dois ou três dias atrás não parece triunfante
antes teso de uma tesão mortal e triste
O ar morno da tarde cheira a sexo onde há flores
E café deixado no copo e mesmo assim
As pessoas trabalham construindo o inútil
Não há fim
Não há quebra da ordem
Nem medos e histerias que não sejam
o comum
ponto com
Do dia a dia
É de se sentir falta do desespero da última colheita
Do aviso de despejo do planeta
Do beijo último sobre o gozo final
Celebrando a fertilidade da terra pagã
Onde não mais brotará a manhã
Alguém por favor providencie um novo fim do mundo
Faz um ano que o mundo não acabou
Não se acabaram as esperanças
Não se acabaram as lembranças
Não acabou o porvir
As pessoas boas continuam acontecendo todo dia
As coisas boas continuam acontecendo todo dia
ainda é lindo por do sol sobre o mar do Arpoador
A dança das baleias e seus gritos misturados
Aos das aves marinhas e ao rebolar das ondas
Sobre a areia num sambismo infinito
O amor dos amantes abaixo de céus e terras
E de um Shakespeare conformado
nunca se transformou em casulos e borboletas
a sagrada família do burgo continua reivindicando
o direito à exclusividade do existir e à exclusão
o louco pedinte da calçada anuncia
num pedaço velho de papelão
o que não aconteceu deveras
Os filmes de Hollywood continuam chatos
E os livros de auto-ajuda imóveis na prateleira
Não criaram vida nem se suicidaram
(o que talvez deponha contra a dita
ajuda que prometem se dar)
o pão colonizado do bolor de memórias
de dois ou três dias atrás não parece triunfante
antes teso de uma tesão mortal e triste
O ar morno da tarde cheira a sexo onde há flores
E café deixado no copo e mesmo assim
As pessoas trabalham construindo o inútil
Não há fim
Não há quebra da ordem
Nem medos e histerias que não sejam
o comum
ponto com
Do dia a dia
É de se sentir falta do desespero da última colheita
Do aviso de despejo do planeta
Do beijo último sobre o gozo final
Celebrando a fertilidade da terra pagã
Onde não mais brotará a manhã
Alguém por favor providencie um novo fim do mundo
18 de novembro de 2013
SONETO DA LUA CHEIA
Dar a lua de presente
para mulher que sente
como louca de repente
Um desejo de uivar
Essa lua que pressente
A vontade envolvente
de se dar toda contente
Bem à beira do luar
Lua enorme tresloucada
De deixar toda agitada
A maré desse teu mar
Deixa a gente desvairada
Com essa vontade melada
Ter amor a quem amar
para mulher que sente
como louca de repente
Um desejo de uivar
Essa lua que pressente
A vontade envolvente
de se dar toda contente
Bem à beira do luar
Lua enorme tresloucada
De deixar toda agitada
A maré desse teu mar
Deixa a gente desvairada
Com essa vontade melada
Ter amor a quem amar
3 de novembro de 2013
quero ter o direito
de poder morrer
a qualquer hora
em um dia qualquer
da semana
não importa se estiver
bem vestido e sorridente
fazendo algo importante
imprescindível para o bem
da humanidade ou não
não faz diferença se eu for
o mocinho e quase esteja
vencendo o mal
que fique inconclusa
a ação e o gesto
e que se torne indigesto
todo o sonho não realizado
não quero a responsabilidade
pelo futuro nem pelo presente
o passado já é um fardo
difícil de manter equilibrado
sobre os ombros e aumenta
se modificando todo segundo
ao invés de solidificar como
as pedras que chuto do caminho
não quero sofrer de auto piedade
nem quero fazer um a carta de despedida
quero antes dizer que as vezes
me canso de ser humano
do torpor indiferente da morte
com hora marcada e engarrafamento
e que na falta de aguardente
que consiga vencer meus sentidos
e de uma caverna onde possa
me esquecer da alteridade
permaneço vivendo sobre ossos e calhaus
cozinho palavras num caldeirão fervente
e me vingo com lirismo daquele
que sabe ler mas não sente
de poder morrer
a qualquer hora
em um dia qualquer
da semana
não importa se estiver
bem vestido e sorridente
fazendo algo importante
imprescindível para o bem
da humanidade ou não
não faz diferença se eu for
o mocinho e quase esteja
vencendo o mal
que fique inconclusa
a ação e o gesto
e que se torne indigesto
todo o sonho não realizado
não quero a responsabilidade
pelo futuro nem pelo presente
o passado já é um fardo
difícil de manter equilibrado
sobre os ombros e aumenta
se modificando todo segundo
ao invés de solidificar como
as pedras que chuto do caminho
não quero sofrer de auto piedade
nem quero fazer um a carta de despedida
quero antes dizer que as vezes
me canso de ser humano
do torpor indiferente da morte
com hora marcada e engarrafamento
e que na falta de aguardente
que consiga vencer meus sentidos
e de uma caverna onde possa
me esquecer da alteridade
permaneço vivendo sobre ossos e calhaus
cozinho palavras num caldeirão fervente
e me vingo com lirismo daquele
que sabe ler mas não sente
29 de outubro de 2013
24 de outubro de 2013
MEMÓRIAS PÓSTUMAS
Sou apenas um pedaço de papel virtual
Virtualmente desvirtuado
Pelo tempo espaço e sua relatividade
Sou apenas metade do que queria ser
E sonhava estar dizendo isso pessoalmente
No entanto não estou mais
Não sou mais
Não mais um corvo
Um estorvo
Uma resposta
Fui ser gordo na vida
E ela se fartou de mim
Me tornou o que outros foram
O que disseram e consagraram
Trabalhei
Sorri
Sofri
Saí da caverna para o beco
E deu tudo na mesma
Preciso matar o poeta dentro de mim
Antes que eu mesmo morra
De lirismo agudo
Olhando tudo com a cândida expressão
De quem jazz apalermado
Vendo a cidade atuar diante dos olhos
De Raimundícies poderia ter sofrido
Sendo professor e professando
Pessoas em Camões e Caminhas
Mas essas adivinhas e lorotas
Peças que a seriedade nos prega
Estão a ver navios como os que não vi
Pois o pouco que sofri
Foi de não ter sido milionário
Foi de não ter sido operário
Foi de não ter sido um milhão
Que sempre quis ser
Agora poeta da própria ausência
Declaro aberta minha falência
Coisas que preciso fazer
Antes que a poesia seque
Na pele e nos olhos baços
Do universo em decomposição
E eu não mais consiga reencontrá-la
Em primeiro lugar furar a fila
Indo direto ao segundo
Em que conheci a paixão
Isto é
Reviver todo dia
cada novo momento
Da vida
essa coisa promíscua
que me fez poeta
desejo
fogo
e palavra
17 de outubro de 2013
1 de outubro de 2013
14 de setembro de 2013
Mais um poema de antão.... desta vez do projeto "Coito das Palavras" desenvolvido co Charles Silva nos idos de 1998/1999
aquele dedo tem doze anos
aquele dedo
esfregando
sentindo
penetrando
tem doze anos
o prazer é muito mais velho
10 de setembro de 2013
Numa tarde de outono
Passando por um garoto
que sonhava ao lado do avô
ouvi algo que me impressionou
- Vô, é verdade que o verde
é a mistura do amarelo e do azul?
E o avô carinhoso e paciente assentiu
O garoto pensou mais um momento
- Então talvez esteja certo o pensamento
Que no outono o azul foge colorindo o céu
Pras folhas terem aquele tom amarelento?
9 de setembro de 2013
este é mais um daqueles poemas feitos no bar e esquecido no bloco de notas do celular...
porque essa alegria
quer rebentar por dentro
esse coração já batido
já espancado
porque tão maltratado
inda sorri este olhar
entristecido de sonhar
porque todo lugar em mim
não é suficiente
pra encarar este poente
desesperado
quer rebentar por dentro
esse coração já batido
já espancado
porque tão maltratado
inda sorri este olhar
entristecido de sonhar
porque todo lugar em mim
não é suficiente
pra encarar este poente
desesperado
4 de setembro de 2013
este é do projeto "Maria" 2005 - também inédito
Maria saiu
Viu as prateleiras vazias
as casas vazias
pessoas vazias
e pensou
Se não tivesse vindo hoje
o que haveria?
outro das antigas, desta vez do projeto "A correria das palavras" 2002, inédito
Palavras cercam
estrelas
o hálito das horas
se faz sentir solerte
na fronteira dos olhos
Não há imagens
no que se imagina
que aconteceu alhures
apenas gestos serpeiam
no brilho que as águas
agitam como troféus
este também é do projeto "Maria" 2005 - ainda inédito
POEMA COM TODOS OS TIPOS DE VERBOS E SUJEITO SIMPLES
Maria é solitária
Maria tem filhos
Maria gosta de todos
Mário morreu
Maria trouxe doces para seus filhos.
3 de setembro de 2013
poema de 1998, nostalgia de aniversariante, inédito também e parte integrante de um dos melhores livros que projetei " O MENU"
Poema
a todo volume
Já
faz tempo que não consigo escrever nada de íntimo.
Acho
que no fundo estou fugindo de mim mesmo em cada ejaculação
(ejacular
em vão ainda é pecado?)
acho
que vou vomitar.
Não.
Não é assim.
No
século que vem eu já estarei às portas da morte
o
novo não será visto
nem
o ovo de colombo é mais novidade
o
computador já me corrige em minha bebedeira
e eu
grito com a janis
e
minha voz se perde nos ouvidos vizinhos
é
madrugada, eles sonham com meu grito
como
se fosse o deles
eu
sei, dejá vu algo assim
o
computador com puta dor me revela algo iníquo
não
há mais putas disponíveis neste quarteirão
ele
agora (me) é familiar
raízes,
cachaça e mel
isto
máquina nenhuma me dirá,
cura
a gripe
ou
deixa hippie não sei
Só
sei dos sonhos que não tive
nessa
angústia santa
que
me levanta
lá
pelas tantas
pra
matar a sede do jardim
já
faz tempo que não inscrevo nada de íntimo
no
meu repertório
estou
ficando muito exterior
reflito
meu personagem errando o vaso no escuro
a
madrugada já está se acordando
devo
me disfarçar de repolho
ou
então fingir que durmo
para
que não me vejam falhando.
subscrevo-me
atenciosamente
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