14 de setembro de 2013

Mais um poema de antão.... desta vez do projeto "Coito das Palavras" desenvolvido co Charles Silva nos idos de 1998/1999



aquele dedo tem doze anos
aquele dedo
esfregando
sentindo
penetrando
tem doze anos

o prazer é muito mais velho

10 de setembro de 2013

Numa tarde de outono
Passando por um garoto
que sonhava ao lado do avô
ouvi algo que me impressionou
- Vô, é verdade que o verde
é a mistura do amarelo e do azul?
E o avô carinhoso e paciente assentiu
O garoto pensou mais um momento
- Então talvez esteja certo o pensamento
Que no outono o azul foge colorindo o céu
Pras folhas terem aquele tom amarelento?

9 de setembro de 2013

este é mais um daqueles poemas feitos no bar e esquecido no bloco de notas do celular...

porque essa alegria
quer rebentar por dentro
esse coração já batido
já espancado
porque tão maltratado
inda sorri este olhar
entristecido de sonhar
porque todo lugar em mim
não é suficiente
pra encarar este poente
desesperado

4 de setembro de 2013

este é do projeto "Maria" 2005 - também inédito

Maria saiu
Viu as prateleiras vazias
as casas vazias
pessoas vazias
e pensou
Se não tivesse vindo hoje
o que haveria?

outro das antigas, desta vez do projeto "A correria das palavras" 2002, inédito


Palavras cercam estrelas
o hálito das horas
se faz sentir solerte
na fronteira dos olhos
Não há imagens
no que se imagina
que aconteceu alhures
apenas gestos serpeiam
no brilho que as águas
agitam como troféus

este também é do projeto "Maria" 2005 - ainda inédito

POEMA COM TODOS OS TIPOS DE VERBOS E SUJEITO SIMPLES


Maria é solitária
Maria tem filhos
Maria gosta de todos
Mário morreu
Maria trouxe doces para seus filhos.

3 de setembro de 2013

poema de 1998, nostalgia de aniversariante, inédito também e parte integrante de um dos melhores livros que projetei " O MENU"

 Poema a todo volume


Já faz tempo que não consigo escrever nada de íntimo.
Acho que no fundo estou fugindo de mim mesmo em cada ejaculação
(ejacular em vão ainda é pecado?)

acho que vou vomitar.

Não. Não é assim.
No século que vem eu já estarei às portas da morte
o novo não será visto
nem o ovo de colombo é mais novidade
o computador já me corrige em minha bebedeira
e eu grito com a janis
e minha voz se perde nos ouvidos vizinhos
é madrugada, eles sonham com meu grito
como se fosse o deles
eu sei, dejá vu algo assim

o computador com puta dor me revela algo iníquo
não há mais putas disponíveis neste quarteirão
ele agora (me) é familiar
raízes, cachaça e mel
isto máquina nenhuma me dirá,
cura a gripe
ou deixa hippie não sei

Só sei dos sonhos que não tive
nessa angústia santa
que me levanta
lá pelas tantas
pra matar a sede do jardim


já faz tempo que não inscrevo nada de íntimo
no meu repertório
estou ficando muito exterior
reflito meu personagem errando o vaso no escuro

a madrugada já está se acordando
devo me disfarçar de repolho
ou então fingir que durmo
para que não me vejam falhando.

subscrevo-me atenciosamente

Segue a sessão nostalgia poemas de outros tempos (esse é do projeto de livro de 1996 "o gato da Alice" que nunca foi ao prelo)

PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Para Manuel Bandeira


Ela tinha sete anos e meio
me mostrou a sua
eu mostrei o meu
assim nasceram nossos filhos
no silêncio da casinha de bonecas
entre panelinhas e sustos

Um poeminha antigo, de quando eu tinha um pouco menos de quarenta, mas que me parece tão atual!!! (projeto iniciado em 2000 e nunca terminado - "Diálogos de Platão e Baco")

Luci fez a luz voltar
era um dia estranho
e Luci fez o tempo passar.


Do meio do vão de suas coxas
ela me disse
Dá-me tua carne, tua alma
e tudo o que vês será teu.