17 de outubro de 2012

“O que seria do amor
Sem um pouco de sacanagem?”
O que seria da viagem
Pelo corpo alheio no alheio de si
Se não houvesse um ai
Ou as palavras banidas do feio
O que seria do sem freio
Sem sua miragem
Há que beber do oásis
E fazer do êxtase o pão
O que seria da mão
Sem a contramão do corpo
O que seria do mar
Sem este lugar para derramar
Marés e fúria
O que seria da voz
Se não houvesse um nós
Onde ecoar
O que seria do par
Se nada se soubesse da fricção
E finalmente qual seria a razão
De estar no universo
Se não pudesse te agarrar
Entre o doce e o perverso

6 de outubro de 2012


Tresloucado ele seguia
Amando sonhos abocanhando
Dias e noites com suor na fronte
E desejos inacabados
Sua ira era doce e forte
Sua delícia acompanhada de chicote
Tornava o mundo vermelho lindo
Suas palavras eram incompreensíveis
Pele afora e ele jorrava alegrias
E tristezas de não poder e gostar
A cada mergulho a intensidade
E o desespero se apoderavam
Da inocência que fingia não ter
E o tornavam refém de carnes
Que não eram suas mas queriam ser
E ele flutuava marrom e singelo
Como sombra do que fora
E do que deveria querer
Seus dentes cravados no que dela
Restava de si emitiam sinais
De socorro em ondas de gozo
E animalidade e zepelin em chamas
Ele afundava em nuvens e receios 
Dizendo amar sem freios

1 de outubro de 2012

POEMA MEU TRADUZIDO DO INGLÊS

O destino é meu amigo
E viajamos juntos
Ele e eu
Pelos descaminhos e picadas
Deste mundo inexplorado

Cada ser que ele seduz
E desnuda
Se torna parte daquele velho poema
Do John Done que servia de epígrafe
Praquele verde vale
E pra vida da gente em diante

Ele limpa minhas sandálias de couro
Da lama dos dias chuvosos
Enquanto me conta causos
Do passado de que já nem me lembrava mais
De tanto estar no presente

Não sei direito de qual dos lados da vida
Ele retira forças pra atravessar os desertos
Que enfrentamos juntos
E para beber às estrelas e aos olhos
Da mulher que amo e que não está comigo
Nas horas em que a ausência do gosto dela
Me revela o quanto sou incompleto e fraco

Como consegue me acompanhar
quando praguejo e chuto pedras
querendo voltar sobre meus passos
ou simplesmente deitar e morrer
olhando o horizonte que arde

O destino é meu amigo
E se eu não tiver forças
Sei que ele vai me levar
Consigo nem que seja nas costas
Vai me tirar deste deserto
E graças a ele vou beber de novo
Da fonte que ela tem no corpo
Porque é dali que emana a vida