(para uma recém amiga)
Fui tudo isso num só dia
Me travesti de ti também em artimanhas
Agora sei quanto ganhas
O quanto gastas dos teus sapatos
Procurando por ti mesma
Sei quais são teus pratos
Preferidos e os pedidos que
Fizeste para papai Noel
Mas não tenho um papel
Nessa tua vida sem nexo
Não tivemos nem mesmo o sexo
Fugaz de uma festa
Tudo o que me resta
É acreditar que és possível
Que teus absurdos são humanidade
E que viver é mesmo estranho de verdade
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
23 de abril de 2013
18 de abril de 2013
11 de abril de 2013
Cortava maio olhos ressaca
em versos travessos meia lua
de céu suada salgada
maca
insanidade na carne
crua
De crueldade sorria pele lanhada
à unha de mel sugada rubro cantar
a seiva de sentimento
estrelada
via de fato direito torto mordiscar
Derme do vento dar-se e receber
os dentes sonho e
estremecer
de folhas primavera
dos cheiros
Cada palavra chutada
para amanhecer
meio cunha cunhada a
verbo enaltecer
rósea de ouvidos
cantiga de travesseiros
10 de abril de 2013
Corria abril a olhos de
lince
quando se deu conta que
tinha fome
fome de gente que come
gente
fome de um ente querido
de morder
fome de escrever na
pele lembranças
e outras andanças do
escorrer
fome do gosto do cheiro
que é quando alguma
coisa
parece ainda mais
apetitosa
pelo cheiro do que pelo
gosto
fome de esconder o
rosto
nas palavras mais sujas
e gritar as tais cujas
sentindo a explosão
dormente
fome de semente
e da mão forte
malinando puxando
agarrando submetendo
o que não é mais seu
de tão mesclado
fome de chegar do outro
lado
2 de abril de 2013
Sem estrondo nem
dilúvio
acabou o sal e a ferida
nem vazio nem saída
apenas um ronco surdo
numa máquina
desgastada
velha num porão
barulhento
e empoeirado do corpo
lasso
a hidráulica deficiente
não proveu de lágrimas
o chafariz da praça de
eventos
apenas os olhos
fechavam-se
de vez em quando
estupefatos
tudo tem fim dizia uma voz
de aeroporto cancelando
viagens
e um tumulto de imagens
do ainda porvir rolava
no pó
daquelas já vistas
centenas de vezes
com a certeza do
infinito e além
uma tontura de saber-se solto e rude
arranhava a garganta
por dentro
como um lamento de
chorinho
de um compositor
desmotivado
Não havia mais nenhuma sorte
nem dois lados na moeda
apenas a queda
infinita
e in
di
fe
rente
ao desespero
de saber-se acordado
e sem rumo
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