No íntimo ela parecia ter gosto
Assim de chá de maçã verde
E desastre iminente
E era como se a gente
Já conhecesse toda miséria um do outro
De longos telefonemas
Ou noites em claro diante da câmera
Na verdade tinha ela
Acabado de dizer seu preço
E eu estava justamente
Pensando qual seria o próximo passo
Se dizia não com o asco da delicadeza
Ou me punha na mesa
em vinténs
Este é um blog de poesia. Mas, como o título indica, não de poesia comportada e/ou confessional que existe pelaí... Nada temos contra esse tipo de poesia, mas queremos provocar o "Pô!?" nos que nos lêem. Aquele ângulo irreverente... aquela resposta desconcertante... é isso, uma poesia que, sem surpresas, tenta ainda surpreender... Se conseguirmos, tudo bem. Se não, ao menos tentamos (e nos divertimos). Se gostou, una-se a nós. Siga o blog, comente e divulgue. Arte ao fundo de Francisco Mibielli
31 de dezembro de 2011
26 de dezembro de 2011
poema para uma ceia de natal (da série de diálogos com os poemas de Eli Macuxi)
Ele saiu impecável
O paletó de linho
A gola engomada
A garrafa de vinho
Sentou-se embaixo
Da arvore de natal
Da cidade segurando
Um laço de fita azul
Fitou longo tempo o sul
Depois o norte e todo
O mapa cardeal inutilmente
Seu sorriso aos poucos
Não se fez mais presente
triste desfez-se do laço
Bebeu todo vinho
E se deixou dormindo ali mesmo
Num banco do caminho
O paletó de linho
A gola engomada
A garrafa de vinho
Sentou-se embaixo
Da arvore de natal
Da cidade segurando
Um laço de fita azul
Fitou longo tempo o sul
Depois o norte e todo
O mapa cardeal inutilmente
Seu sorriso aos poucos
Não se fez mais presente
triste desfez-se do laço
Bebeu todo vinho
E se deixou dormindo ali mesmo
Num banco do caminho
23 de dezembro de 2011
As pessoas precisam ser assim
Um pouco como Eu
Para que meu mundo
Possa existir
e possa haver razões
Ainda que equivocadas
E paixões avassaladas
Ou não
As pessoas precisam ser assim
Um pouco e muito erradas
como frutas cansadas
de estar no pé
As pessoas precisam ser assim
meio viciadas
muito apaixonadas
seja lá pelo que der e se for
elas precisam de amor
pra dar e vender
precisam viver
que a vida é pouca
e deve ser louca
ou internada
As pessoas precisam ser assim
Possuídas e expostas
Como respostas
A uma pergunta não feita
A gente é um pouco de quem deita?
As pessoas precisam ser assim
Misteriosas e sutis no gosto
Rescendendo a mosto
De uvas selecionadas
Precisam ser pisadas e reprisadas
Em câmara lenta e ousada
As pessoas precisam ser assim
Infinitas
Porque são odiosamente bonitas
Mesmo quando feias
As pessoas precisam ser assim
Um pouco como as vejo
Como incompletude solidão e desejo
Mas precisam ser imprecisamente como são
Porque Eu só existo nessa condição
Um pouco como Eu
Para que meu mundo
Possa existir
e possa haver razões
Ainda que equivocadas
E paixões avassaladas
Ou não
As pessoas precisam ser assim
Um pouco e muito erradas
como frutas cansadas
de estar no pé
As pessoas precisam ser assim
meio viciadas
muito apaixonadas
seja lá pelo que der e se for
elas precisam de amor
pra dar e vender
precisam viver
que a vida é pouca
e deve ser louca
ou internada
As pessoas precisam ser assim
Possuídas e expostas
Como respostas
A uma pergunta não feita
A gente é um pouco de quem deita?
As pessoas precisam ser assim
Misteriosas e sutis no gosto
Rescendendo a mosto
De uvas selecionadas
Precisam ser pisadas e reprisadas
Em câmara lenta e ousada
As pessoas precisam ser assim
Infinitas
Porque são odiosamente bonitas
Mesmo quando feias
As pessoas precisam ser assim
Um pouco como as vejo
Como incompletude solidão e desejo
Mas precisam ser imprecisamente como são
Porque Eu só existo nessa condição
27 de novembro de 2011
19 de novembro de 2011
Eu perderia as eiras pelo teu caminho
De beiras e o teu carinho de raminho
De rosa dos róseos do teu discernimento
Eu pediria um aumento do teu caminho
Pro meu caminho se quem caminha
Fosse comigo acolchoado pela vinha
Das palavras mais secas e tintas
E pensaria nas pintas como migalhas
Que as gralhas do teu caminho comeram
Pra me deixar perdido no teu caminho
Um pouco minotauro um pouco polegar
Deixado na carne digitado como o luar
Se o teu caminho o meu Caminha
Descrevesse em torta linha
Eu nem pensava as vezes duas
E descobria as rotas tuas
Mas se cada um seguisse o seu caminho
Triste eu não ficava em desalinho
Pulava no torvelinho de versos e alegria
Deixava os avessos na poesia
E me dedicava à orgia...
De beiras e o teu carinho de raminho
De rosa dos róseos do teu discernimento
Eu pediria um aumento do teu caminho
Pro meu caminho se quem caminha
Fosse comigo acolchoado pela vinha
Das palavras mais secas e tintas
E pensaria nas pintas como migalhas
Que as gralhas do teu caminho comeram
Pra me deixar perdido no teu caminho
Um pouco minotauro um pouco polegar
Deixado na carne digitado como o luar
Se o teu caminho o meu Caminha
Descrevesse em torta linha
Eu nem pensava as vezes duas
E descobria as rotas tuas
Mas se cada um seguisse o seu caminho
Triste eu não ficava em desalinho
Pulava no torvelinho de versos e alegria
Deixava os avessos na poesia
E me dedicava à orgia...
5 de novembro de 2011
Das cidades em que me vejo
Mais calvino,
Sinto os cheiros
De carícias ou de cenas
Desvairadas fantasias
Me tateio entre cores e demasias
Me abandono no intrincado dessas ruas
Busco esquina cujo bico
Empinado de arrepio
Corresponda ao vazio
Deste cio
Deste beco
Desta boca
A cidade que descrevo
Não é pouca
Tem andares de pessoas se querendo
Tem lugares de pessoas se buscando
Tem estátuas de razão estatelada
Tem espaço de paixão já cumulada
Tem ardores desta flor que ali viceja
Tem delícias de pensar a marginália
Tem um rio de janeiro até dezembro
Somos todos Ribeirinhos desse gozo
É por isso na cidade em que me abanco
Que o rio que banhamos é todo branco
Mais calvino,
Sinto os cheiros
De carícias ou de cenas
Desvairadas fantasias
Me tateio entre cores e demasias
Me abandono no intrincado dessas ruas
Busco esquina cujo bico
Empinado de arrepio
Corresponda ao vazio
Deste cio
Deste beco
Desta boca
A cidade que descrevo
Não é pouca
Tem andares de pessoas se querendo
Tem lugares de pessoas se buscando
Tem estátuas de razão estatelada
Tem espaço de paixão já cumulada
Tem ardores desta flor que ali viceja
Tem delícias de pensar a marginália
Tem um rio de janeiro até dezembro
Somos todos Ribeirinhos desse gozo
É por isso na cidade em que me abanco
Que o rio que banhamos é todo branco
28 de outubro de 2011
As vezes o tempo quer parar
mas não consegue
então as pessoas saem anônimas
de dentro dele
muito João que ninguém pranteia
muita Maria que não fez milagre
e a gente vai passando assim
com uma falta de não se sabe o quê
até que faltamos por completo
entre todos os Zequinhas do mundo
hoje perdemos o nosso
não nos conhecíamos muito bem
mas nossas vitalidades conversavam
no quiosque do bloco um
casualmente tomando café
nos dias de revolta e de brandura
entre todos os Zequinhas do mundo
hoje nos cabe um vazio estúpido
que nos faz pensar no que nos espera
e na dor dos que amava
que é a nossa também
descanse companheiro jornalista
hoje,infelizmente, você é a notícia.
mas não consegue
então as pessoas saem anônimas
de dentro dele
muito João que ninguém pranteia
muita Maria que não fez milagre
e a gente vai passando assim
com uma falta de não se sabe o quê
até que faltamos por completo
entre todos os Zequinhas do mundo
hoje perdemos o nosso
não nos conhecíamos muito bem
mas nossas vitalidades conversavam
no quiosque do bloco um
casualmente tomando café
nos dias de revolta e de brandura
entre todos os Zequinhas do mundo
hoje nos cabe um vazio estúpido
que nos faz pensar no que nos espera
e na dor dos que amava
que é a nossa também
descanse companheiro jornalista
hoje,infelizmente, você é a notícia.
25 de outubro de 2011
Ela ficava embaixo do tapete
Todo esse tempo e ele não sabia
Ela esperava a poesia
Que falasse do amor na poeira
Mas ele temia a ladeira de encantos
Que subia de joelhos
Para tê-la
Ele se achava poeta
E nela o gosto era de poesia
E o cheiro da maresia
Invadia rosto e jardins
Quando ela se fazia
Enchente ou vazante
Afundando navio e navegante
No errante de Sy
Todo esse tempo e ele não sabia
Ela esperava a poesia
Que falasse do amor na poeira
Mas ele temia a ladeira de encantos
Que subia de joelhos
Para tê-la
Ele se achava poeta
E nela o gosto era de poesia
E o cheiro da maresia
Invadia rosto e jardins
Quando ela se fazia
Enchente ou vazante
Afundando navio e navegante
No errante de Sy
22 de outubro de 2011
21 de outubro de 2011
Quando o desgosto dos teus olhos
me atravessa a garganta
me dá uma sede tanta
que não consigo imaginar o que seria
quando queríamos
meus papilos arrepiados
percebem aos poucos
uma mescla indigesta
das dimensões que inventamos
brincando com o sabor do mundo
É como se as areias
saltassem da tela
fizessem de mim seu shake
e fossemos somente o desertor
e o deserto
mediados por um camelo de sons
de um bolero à Ravel
Isso quando o desgosto
dos teus olhos em caravana
não Azevedam de vez
e cerram
embalando os meus
me atravessa a garganta
me dá uma sede tanta
que não consigo imaginar o que seria
quando queríamos
meus papilos arrepiados
percebem aos poucos
uma mescla indigesta
das dimensões que inventamos
brincando com o sabor do mundo
É como se as areias
saltassem da tela
fizessem de mim seu shake
e fossemos somente o desertor
e o deserto
mediados por um camelo de sons
de um bolero à Ravel
Isso quando o desgosto
dos teus olhos em caravana
não Azevedam de vez
e cerram
embalando os meus
16 de outubro de 2011
15 de outubro de 2011
9 de outubro de 2011
1 de outubro de 2011
Me alimentei primeiro dos teus ombros
E do peso que eles carregavam fiz meu lastro
Assim como dos teus cabelos
Fiz as rédeas dos meus sonhos
Não sei direito quem era o bandido
Nem quantas balas disparamos um no outro
Mas os episódios se sucediam
E vivos nos completávamos
Cada qual com o defeito alheio
Até que veio a perfeição
E nos julgou depois quebrou ao meio
E do peso que eles carregavam fiz meu lastro
Assim como dos teus cabelos
Fiz as rédeas dos meus sonhos
Não sei direito quem era o bandido
Nem quantas balas disparamos um no outro
Mas os episódios se sucediam
E vivos nos completávamos
Cada qual com o defeito alheio
Até que veio a perfeição
E nos julgou depois quebrou ao meio
24 de setembro de 2011
23 de setembro de 2011
5 de setembro de 2011
1 de setembro de 2011
é...
É na poesia que sigo teus passos
E com ela me torno mais palavra
Menos honra e penso e existo
Como se o logo fosse anormal
E o agora não importasse a ninguém
É na poesia que sou menos conseqüente
E consequentemente me sinto todo
Como se sente alguém que se pertence
Pertencendo a outrem
É na poesia que me sinto mais amargo
E me reprovo a todo instante
Para saber se meu gosto pode variar
De acordo com a presença alheia
É na poesia que não durmo de noite
Esperando que me venham buscar
Numa ambivalência cuja sirene
Fique gravada para sempre nos ouvidos
Daqueles que têm certezas
E com ela me torno mais palavra
Menos honra e penso e existo
Como se o logo fosse anormal
E o agora não importasse a ninguém
É na poesia que sou menos conseqüente
E consequentemente me sinto todo
Como se sente alguém que se pertence
Pertencendo a outrem
É na poesia que me sinto mais amargo
E me reprovo a todo instante
Para saber se meu gosto pode variar
De acordo com a presença alheia
É na poesia que não durmo de noite
Esperando que me venham buscar
Numa ambivalência cuja sirene
Fique gravada para sempre nos ouvidos
Daqueles que têm certezas
22 de agosto de 2011
15 de agosto de 2011
1 de agosto de 2011
20 de julho de 2011
13 de julho de 2011
5 de julho de 2011
Da primeira vez que me vi
mais novo que meu filho
ele tinha seis anos e sério
dizia que aquele meu sorriso
não era digno de sua idade
Da segunda vez ele sorria
um pouco irônico revelando
sem me dizer que meus temores
eram passados e que sua experiência
era maior e mais forte que tudo isso
da terceira foi quando percebi
que ele não imaginava nem de longe
as loucuras que já tínhamos feito
sua mãe e eu no tempo em que juntos
começamos a ensaiar sua concepção
mais novo que meu filho
ele tinha seis anos e sério
dizia que aquele meu sorriso
não era digno de sua idade
Da segunda vez ele sorria
um pouco irônico revelando
sem me dizer que meus temores
eram passados e que sua experiência
era maior e mais forte que tudo isso
da terceira foi quando percebi
que ele não imaginava nem de longe
as loucuras que já tínhamos feito
sua mãe e eu no tempo em que juntos
começamos a ensaiar sua concepção
4 de julho de 2011
não nasci em Itabira
mas bem que gostava
de ter as casas me olhando
as portas alinhadinhas
e aquele ar interiorano
de quem come o pão
fresquinho bem cedo
com a manteiga derretida
escorrendo pela memória
não nasci em Itabira
mas se tivesse nascido
não me importava de me dar
de vez em quando
uma agonia imensa
de ser o mundo tao grande
e eu tão desajeitado
não certamente não nasci
na férrea Itabira de sonhos
que só vi nos postais do poeta
mas ainda que tenha vindo
da maravilha das cidades gostaria
de pedir por precaução
a todos os deuses da glória
que me dessem um cantinho
nesse negócio de história
mas bem que gostava
de ter as casas me olhando
as portas alinhadinhas
e aquele ar interiorano
de quem come o pão
fresquinho bem cedo
com a manteiga derretida
escorrendo pela memória
não nasci em Itabira
mas se tivesse nascido
não me importava de me dar
de vez em quando
uma agonia imensa
de ser o mundo tao grande
e eu tão desajeitado
não certamente não nasci
na férrea Itabira de sonhos
que só vi nos postais do poeta
mas ainda que tenha vindo
da maravilha das cidades gostaria
de pedir por precaução
a todos os deuses da glória
que me dessem um cantinho
nesse negócio de história
28 de junho de 2011
Promíscuo o sol
nasce pra todos
esfrega-se em todos
tudo saboreando
com seu apetite abrasador
Promíscuo penetra na pele
marcando com tons escravos
todos que dele se servem
todos que nele labutam
de si em si
promíscuo desnuda corpos
molhando
lambendo
ofendendo
até o que se oculta nos panos
promíscuo é o sol
e com um rei assim
como podem seus súditos
pensar em algo mais
que não a noite?
nasce pra todos
esfrega-se em todos
tudo saboreando
com seu apetite abrasador
Promíscuo penetra na pele
marcando com tons escravos
todos que dele se servem
todos que nele labutam
de si em si
promíscuo desnuda corpos
molhando
lambendo
ofendendo
até o que se oculta nos panos
promíscuo é o sol
e com um rei assim
como podem seus súditos
pensar em algo mais
que não a noite?
1 de junho de 2011
Thalion
Faz vinte anos hoje
que me apaixonei
por um garoto
e para nós projetei mundos e fundo
faz vinte anos hoje
que temo sua impetuosidade
diante do desconhecido
e quis uma redoma grande e confortável
faz vinte anos hoje
que quebrei minhas pernas
para caminhar a sua altura
e que não pude acompanhá-lo o tempo todo
faz vinte anos hoje
que aquela mão delicada e já potente
me fez olhar pra frente
e temer e amar o que viria de todo modo
Faz vinte anos hoje
que o mar invadiu meus olhos
me fez ver que era possível morrer afogado
em mim mesmo e no que de mim tinha saído
Faz vinte anos hoje
e que faça mais cem, talhados em pedra e limo
Thalion (de Tolkien), dos fortes, o forte
aquilo que projetei e que disso é diferente.
que me apaixonei
por um garoto
e para nós projetei mundos e fundo
faz vinte anos hoje
que temo sua impetuosidade
diante do desconhecido
e quis uma redoma grande e confortável
faz vinte anos hoje
que quebrei minhas pernas
para caminhar a sua altura
e que não pude acompanhá-lo o tempo todo
faz vinte anos hoje
que aquela mão delicada e já potente
me fez olhar pra frente
e temer e amar o que viria de todo modo
Faz vinte anos hoje
que o mar invadiu meus olhos
me fez ver que era possível morrer afogado
em mim mesmo e no que de mim tinha saído
Faz vinte anos hoje
e que faça mais cem, talhados em pedra e limo
Thalion (de Tolkien), dos fortes, o forte
aquilo que projetei e que disso é diferente.
31 de maio de 2011
são tantos amarelos
tantos elos estranhos
castanhos e rosas
e prosas na calçada
na estrada multicor
tanta flor-parede
tanta rede de tintas
tantas pintas na paisagem
que a vi(s)agem se alegra
e toda regra é quebrada
Cada fada parece ter nascido
Neste lugar colorido
a lápis de cor
neste paraíso carnavalizado
deste lado da tela
aqui na Venezuela.
tantos elos estranhos
castanhos e rosas
e prosas na calçada
na estrada multicor
tanta flor-parede
tanta rede de tintas
tantas pintas na paisagem
que a vi(s)agem se alegra
e toda regra é quebrada
Cada fada parece ter nascido
Neste lugar colorido
a lápis de cor
neste paraíso carnavalizado
deste lado da tela
aqui na Venezuela.
23 de maio de 2011
Já me fiz assim
pedaço de mim mesmo em desagravo
um cravo cravado no rosa dos teus conceitos
dois peitos deleite na boca da noite
e a vontade de xingar o mundo azul
de amarelo vômito e entranhas lavadas
Assim eu fiz assunto
um conjunto de rimas
e sons que saem perversos da carne
em disparada nos ouvidos do microfone
Já fiz do corpo na voz da joplin
o meu escravo mais fiel
e masturbei o lirismo com amores extáticos
Mas não me prendi ao gosto
bom que tu tens na vida
só percebi um pouco tarde
que tudo arde de viver
pedaço de mim mesmo em desagravo
um cravo cravado no rosa dos teus conceitos
dois peitos deleite na boca da noite
e a vontade de xingar o mundo azul
de amarelo vômito e entranhas lavadas
Assim eu fiz assunto
um conjunto de rimas
e sons que saem perversos da carne
em disparada nos ouvidos do microfone
Já fiz do corpo na voz da joplin
o meu escravo mais fiel
e masturbei o lirismo com amores extáticos
Mas não me prendi ao gosto
bom que tu tens na vida
só percebi um pouco tarde
que tudo arde de viver
16 de maio de 2011
3 de maio de 2011
Já são quase seis
E ela parada
Imóvel como um buriti
Observa o vento caminhar
Sobre as águas
Não há mais brasa
No cigarro e mesmo assim
Sua apagada companhia
É palpável e necessária
Imprudente com a outra mão
empunha uma fotografia
Que parece ser de alguém
Meio apagado em tons de cinza
Sua boca entreaberta parece
repetir algum poema sem sonoridade
há cinco cães sentados ao seu redor
como a vigiá-la,
salvaguardando a sua dor
do sexto só se vê a cauda
parece vigiar a rua
quase entrando na moldura.
E ela parada
Imóvel como um buriti
Observa o vento caminhar
Sobre as águas
Não há mais brasa
No cigarro e mesmo assim
Sua apagada companhia
É palpável e necessária
Imprudente com a outra mão
empunha uma fotografia
Que parece ser de alguém
Meio apagado em tons de cinza
Sua boca entreaberta parece
repetir algum poema sem sonoridade
há cinco cães sentados ao seu redor
como a vigiá-la,
salvaguardando a sua dor
do sexto só se vê a cauda
parece vigiar a rua
quase entrando na moldura.
27 de abril de 2011
De terça em diante
Não serei mais o gigante
Que não soube ser
Nem quero mais saber
Das possibilidades que não tive
Nem da gente que não vive
Em minha vida
Quero saber da partida
Do trem pra um lugar distante
E quero bastante
Espaço nele pois estou só com meus fantasmas
E tenho crises e asmas
Só de pensar em viajar espremido
Na companhia de grupo tão desmedido
Não serei mais o gigante
Que não soube ser
Nem quero mais saber
Das possibilidades que não tive
Nem da gente que não vive
Em minha vida
Quero saber da partida
Do trem pra um lugar distante
E quero bastante
Espaço nele pois estou só com meus fantasmas
E tenho crises e asmas
Só de pensar em viajar espremido
Na companhia de grupo tão desmedido
26 de abril de 2011
tensão
na beira do rio
brincavam crianças
o homem olhou um átimo
as gotas espalhadas na cena mormacenta
a enormidade de borboletas amarelas
manchando a tela em torvelinho
antes de adormecer
fechou os olhos e disse
ainda é possível ser Alice
brincavam crianças
o homem olhou um átimo
as gotas espalhadas na cena mormacenta
a enormidade de borboletas amarelas
manchando a tela em torvelinho
antes de adormecer
fechou os olhos e disse
ainda é possível ser Alice
25 de abril de 2011
Tenho um amigo que vive na fronteira
e no mundo que ele defende
não há plenitudes iluminadas
mas os plenilúnios são silvestres
Tenho um amigo na fronteira
entre o trágico auto-exílio
e etílicas lembranças
tenho um amigo de fronteiras
e além dele não vejo
melhores limites para o humano
tenho um amigo
e fronteiras
meus limites ampliados
tenho um amigo
no front
viver é a batalha.
e no mundo que ele defende
não há plenitudes iluminadas
mas os plenilúnios são silvestres
Tenho um amigo na fronteira
entre o trágico auto-exílio
e etílicas lembranças
tenho um amigo de fronteiras
e além dele não vejo
melhores limites para o humano
tenho um amigo
e fronteiras
meus limites ampliados
tenho um amigo
no front
viver é a batalha.
11 de abril de 2011
FLERTE II ( BELLA x MIBIELLI)
Consumo
essa voraz
agonia
Presumo
sentir extático
poesia
Qualquer que seja
teu desejo
sou tua escrava
pitonisa
Postado por Bella http://isabella-coutinho.blogspot.com/ em 03/04
Tua escravidão é o que me mantém de pé
Teu fluir pelos cantos,
arrastando correntes
tuas frases gementes
todos os latentes modos de dizer
aprisiona-me que quero a liberdade de pertencer
tua escravidão é o que mantêm
toda a liquidez do lânguido escorrendo
de todo canto que possa alcançar
com gestos bruscos e qualquer brinquedo
sibilante ou não
submarino ou não
que se sinta bem no seu templo
e te faça vibrar como não faz a razão
tua escravidão é o que
me tem feito ainda mais consciente
do que pra mim é o chicote
do teu sentir
prazer
dor
me deixando
cada vez mais servo
da tua escravidão
Publicado por MIbielli em 05/04/2011
essa voraz
agonia
Presumo
sentir extático
poesia
Qualquer que seja
teu desejo
sou tua escrava
pitonisa
Postado por Bella http://isabella-coutinho.blogspot.com/ em 03/04
Tua escravidão é o que me mantém de pé
Teu fluir pelos cantos,
arrastando correntes
tuas frases gementes
todos os latentes modos de dizer
aprisiona-me que quero a liberdade de pertencer
tua escravidão é o que mantêm
toda a liquidez do lânguido escorrendo
de todo canto que possa alcançar
com gestos bruscos e qualquer brinquedo
sibilante ou não
submarino ou não
que se sinta bem no seu templo
e te faça vibrar como não faz a razão
tua escravidão é o que
me tem feito ainda mais consciente
do que pra mim é o chicote
do teu sentir
prazer
dor
me deixando
cada vez mais servo
da tua escravidão
Publicado por MIbielli em 05/04/2011
1 de abril de 2011
flerte (Elimacuxi x Mibielli)
quantos olhos
agora ouvem
o silêncio
de meus olhos?
postado por Elimacuxi às 17:04 em 16/03/2011
Os mamilos dos teus olhos
provocam e brincam
de esconder e mostrar
com os dentes do meu olhar
Postado por Roberto Mibielli em 30 de março de 2011 17:35
deixou-se na cama
prostrada de dor
os mamilos roubados
o seio em flor
noutro dia
ali brotara
poesia
de pétala rara
postado por Elimacuxi às 17:04, 31 de março de 2011 07:22
Porque na cama deixou-se star
a Stela Dalva no teu olhar
clave de lua dos seios fez
e dos mamilos insensa tez
Postado por Roberto Mibielli em 31 de março de 2011 14:17
agora ouvem
o silêncio
de meus olhos?
postado por Elimacuxi às 17:04 em 16/03/2011
Os mamilos dos teus olhos
provocam e brincam
de esconder e mostrar
com os dentes do meu olhar
Postado por Roberto Mibielli em 30 de março de 2011 17:35
deixou-se na cama
prostrada de dor
os mamilos roubados
o seio em flor
noutro dia
ali brotara
poesia
de pétala rara
postado por Elimacuxi às 17:04, 31 de março de 2011 07:22
Porque na cama deixou-se star
a Stela Dalva no teu olhar
clave de lua dos seios fez
e dos mamilos insensa tez
Postado por Roberto Mibielli em 31 de março de 2011 14:17
30 de março de 2011
a pedidos
quando a mulher de vinte e cinco
viu as uvas
as luvas
já não tinha
a vinha estava tomada
e cada copo
um corpo diferente forma criava
quando a mulher de vinte e cinco
achou as luvas
as uvas já não tinha
só o esqueleto do cacho
quedava no prato desnorteado
viu as uvas
as luvas
já não tinha
a vinha estava tomada
e cada copo
um corpo diferente forma criava
quando a mulher de vinte e cinco
achou as luvas
as uvas já não tinha
só o esqueleto do cacho
quedava no prato desnorteado
23 de março de 2011
15 de fevereiro de 2011
Hoje quero me sentir mulher
Porque estou desesperadamente
Apaixonado por uma
Que nem sabe
E sinto sua falta
Mesmo sem tê-la
E quero vestir-me dela
Para poder despi-la
Em meus braços
Diante do espelho
Hoje quero me fazer mulher
E quando de noite estivermos sós
A solidão não ocupará seu lugar
Na cama. Nem haverá motivos
Para que eu me sinta inquieto
Porque seremos dois estranhos
Cujas estranhezas já se conhecem
Hoje quero me descobrir mulher
Para perceber minhas bordas
Sonhando com bordéis
Que não freqüentaria
E me fazer vadia
Sem que ninguém saiba
Nem mesmo eu desconfie
De que sou assim
No estranho desejo
De quem me ama
Porque estou desesperadamente
Apaixonado por uma
Que nem sabe
E sinto sua falta
Mesmo sem tê-la
E quero vestir-me dela
Para poder despi-la
Em meus braços
Diante do espelho
Hoje quero me fazer mulher
E quando de noite estivermos sós
A solidão não ocupará seu lugar
Na cama. Nem haverá motivos
Para que eu me sinta inquieto
Porque seremos dois estranhos
Cujas estranhezas já se conhecem
Hoje quero me descobrir mulher
Para perceber minhas bordas
Sonhando com bordéis
Que não freqüentaria
E me fazer vadia
Sem que ninguém saiba
Nem mesmo eu desconfie
De que sou assim
No estranho desejo
De quem me ama
7 de fevereiro de 2011
Precisava ser ensinado
E ter o seio da orelha puxado
Por dedos rígidos na disciplina
E beliscões em trilha ferina
Que mostrassem a silha
Do bem e a maravilha
Do som que faz o chicote
Nas raias do esporte
De amar ao próximo
E ao seguinte ótimo
Tapa deveria oferecer
A capacidade de manter
As duas faces sorrindo
Quando o escuro
se aproximando
Fosse dominando
O paladar
E o perfume do ar
Já não fosse outro
Além do antro
E o incômodo
Da coleira
Fosse besteira
De quem precisa ser ensinado
Pra deixar de ser o menino levado
E ter o seio da orelha puxado
Por dedos rígidos na disciplina
E beliscões em trilha ferina
Que mostrassem a silha
Do bem e a maravilha
Do som que faz o chicote
Nas raias do esporte
De amar ao próximo
E ao seguinte ótimo
Tapa deveria oferecer
A capacidade de manter
As duas faces sorrindo
Quando o escuro
se aproximando
Fosse dominando
O paladar
E o perfume do ar
Já não fosse outro
Além do antro
E o incômodo
Da coleira
Fosse besteira
De quem precisa ser ensinado
Pra deixar de ser o menino levado
3 de fevereiro de 2011
23 de janeiro de 2011
12 de janeiro de 2011
Quando a mulher que amo
Completar os cinqüenta
Vamos ter um orgasmo de limo
Recheado de pedras
E seremos eternos em tudo
Menos na eternidade
Quando a mulher que amo
Completar os cinqüenta
Nos reconciliaremos
E seremos um só
Procurando o outro
Quando a mulher que amo
Completar os cinqüenta
Talvez eu consiga ser
O qüinquagésimo
primeiro
Completar os cinqüenta
Vamos ter um orgasmo de limo
Recheado de pedras
E seremos eternos em tudo
Menos na eternidade
Quando a mulher que amo
Completar os cinqüenta
Nos reconciliaremos
E seremos um só
Procurando o outro
Quando a mulher que amo
Completar os cinqüenta
Talvez eu consiga ser
O qüinquagésimo
primeiro
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