7 de março de 2012

queria dar os braços
saiu na rua desesperada
ninguém queria braços
nem nada
só pernas e caras de revista
deixou-se deprimir
qual pasta de dentes
e foi esvaziando
o oco da existência
pelo sexo inútil
sozinha
não morreu nem se atirou
na Lagoa Rodrigo de Freitas
voltou pra casa
os braços recusados
caídos ao longo do corpo
preparou jantar à luz de velas
lavou a louça antiga do enxoval
levou o lixo para o quintal
sacou os braços
abraçando-se (in)ternamente
feliz jogou-os no lixo

Um comentário:

Elimacuxi disse...

Mibi... triste e genial isso aí.