Por que não posso chorar
se tudo o que sei
é o que tenho a chorar
por que não posso rasgar minha pele
deixando que venha o mar
e me cubra de sal e sargaços
por que o sol me parece tão escuro
tão duro me parece o ar que respiro
e o giro do catavento não me alegra
por que os meus traços
diante do óbvio espelho
me perecem tão traiçoeiros
por que passar as horas
desconstruindo coisas
numa anomia sem fim
que saiba doravante
este ser que habita em mim
que discordamos ele e eu
em quase tudo o que ele fizer
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