9 de junho de 2012

Quero pensar nas palavras
que não tenho nos bolsos
nas palavras cegas que tateiam
na minha garganta
criando pigarros na busca de luz
nessas palavras órfãs do medo
abortadas e reengolidas
com sapos e sapiência

Quero pensá-las de lado
Como uma musa gorda
De Rafael ou Boticelli
Expondo seu corpo
Imenso de prazer e sombras
E colocá-las junto às flores
Na cesta com outras mortes

Quero espremê-las na glote
Torcê-las no ventre
Antes que se tornem gemidos
Expulsá-las dos ouvidos
até que não se possa cogitar
os motivos que têm para continuar
insistindo em existir

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