3 de setembro de 2013

poema de 1998, nostalgia de aniversariante, inédito também e parte integrante de um dos melhores livros que projetei " O MENU"

 Poema a todo volume


Já faz tempo que não consigo escrever nada de íntimo.
Acho que no fundo estou fugindo de mim mesmo em cada ejaculação
(ejacular em vão ainda é pecado?)

acho que vou vomitar.

Não. Não é assim.
No século que vem eu já estarei às portas da morte
o novo não será visto
nem o ovo de colombo é mais novidade
o computador já me corrige em minha bebedeira
e eu grito com a janis
e minha voz se perde nos ouvidos vizinhos
é madrugada, eles sonham com meu grito
como se fosse o deles
eu sei, dejá vu algo assim

o computador com puta dor me revela algo iníquo
não há mais putas disponíveis neste quarteirão
ele agora (me) é familiar
raízes, cachaça e mel
isto máquina nenhuma me dirá,
cura a gripe
ou deixa hippie não sei

Só sei dos sonhos que não tive
nessa angústia santa
que me levanta
lá pelas tantas
pra matar a sede do jardim


já faz tempo que não inscrevo nada de íntimo
no meu repertório
estou ficando muito exterior
reflito meu personagem errando o vaso no escuro

a madrugada já está se acordando
devo me disfarçar de repolho
ou então fingir que durmo
para que não me vejam falhando.

subscrevo-me atenciosamente

Nenhum comentário: