3 de novembro de 2013

quero ter o direito
de poder morrer
a qualquer hora
em um dia qualquer
da semana
não importa se estiver
bem vestido e sorridente
fazendo algo importante
imprescindível para o bem
da humanidade ou não
não faz diferença se eu for
o mocinho e quase esteja
vencendo o mal
que fique inconclusa
a ação e o gesto
e que se torne indigesto
todo o sonho não realizado
não quero a responsabilidade
pelo futuro nem pelo presente
o passado já é um fardo
difícil de manter equilibrado
sobre os ombros e aumenta
se modificando todo segundo
ao invés de solidificar como
as pedras que chuto do caminho   
não quero sofrer de auto piedade
nem quero fazer um a carta de despedida
quero antes dizer que as vezes
me canso de ser humano
do torpor indiferente da morte
com hora marcada e engarrafamento
e que na falta de aguardente
que consiga vencer meus sentidos
e de uma caverna onde possa
me esquecer da alteridade
permaneço vivendo sobre ossos e calhaus
cozinho palavras num caldeirão fervente
e me vingo com lirismo daquele
que sabe ler mas não sente

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei "me canso de ser humano",da finitude? de nascer ou morrer, de amar e ser amado (ou não?),sua poesia faz a diferença entre viver e existir...faz sentir infinitude por um instante. Bjos