31 de janeiro de 2015

E se acordasse um belo dia
Descobrisse que não sou o protagonista
Que tudo o que minha vista
Alcança é pouco para que esta ficção
Tenha um mínimo de verosimilhança

E que minha herança é o pó
Das palavras que o vento desuniu

Se percebesse naquele segundo
Que o mundo continua depois
E que era coadjuvante na história
Da pessoa mais insignificante

Onde esconderia meus sonhos
de glória e orgasmos volumosos
Que guardei com carinho

Em que escaninho mesquinho
Seria guardado meu ego
Para jamais ser estudado

Valeria a pena ter pensado
Tanto tanto ter lutado

Não teria sido melhor ser
Ave que morre de pedrada
Esquecida olvidada

Algo que passou
um ser breve
que não vai voltar
Não quer voltar
Não pode voltar

Apenas porque não é preciso
Que nada faça sentido
Nem tenha importância
Para o tempo em que se viveu

Nem mesmo eu

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