26 de dezembro de 2011

poema para uma ceia de natal (da série de diálogos com os poemas de Eli Macuxi)

Ele saiu impecável
O paletó de linho
A gola engomada
A garrafa de vinho
Sentou-se embaixo
Da arvore de natal
Da cidade segurando
Um laço de fita azul
Fitou longo tempo o sul
Depois o norte e todo
O mapa cardeal inutilmente
Seu sorriso aos poucos
Não se fez mais presente
triste desfez-se do laço
Bebeu todo vinho
E se deixou dormindo ali mesmo
Num banco do caminho

5 comentários:

Elimacuxi disse...

Meu perdido Mibi...
Gostei bem mais desse final aqui. Um "banco do caminho" sugere que, ao amanhecer, ainda haverá caminho, pelo menos até o próximo presente que não se puder entregar, ou até o próximo vinho que nos quiser tragar...
E que venha o réveillon!

Isabella Coutinho disse...

e se fosse dormindo
no caminho do banco?
deitaria o chão
e selaria distinto
com o terno retinto
o destino do não
de não ser nada além
o destino de ser alguém
na noite que
supusera feliz

-só restou a ele o amor dos
mendigos
e da meretriz

Elimacuxi disse...

Queria carinho
então se pôs bonitinho
comprou um vinho
e seguiu o caminho...

no natal as meretrizes
também querem ser felizes
e ele de cara na porta
encerrou a maratona
e perdeu a viagem:
na noite feliz fecharam a zona -
Puta falta de sacanagem!

Edgar Borges disse...

E não comeu ninguém? Quer dizer que a coitada lá do outro poema ficou...como se diz elegantemente "sem ser comida"? hehehe.
abraços, Miba!

Elimacuxi disse...

né que foi, Edgar? Super falta de sacanagem, essa!