26 de agosto de 2013

caminhou porta afora
como quem odeia o agora
e o de sempre
pediu novamente ao porteiro
que guardasse seus pertences
e foi desfiando calçadas
como se o novelo
não tivesse fim

à noite sentado sobre
o reflexo da lua
na sarjeta
se julgava poeta
e poeta ficou fitando
o nada da existência
até compreender
que já era hora de voltar

chegou sem modos
inconformado com o carinho
com que foi recebido
pelo velho porteiro servil
pela esposa cotidiana
não havia malas na calçada
encontrou as coisas no lugar
de todos os dias de felicidade

tudo a mesma estúpida tranquilidade

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