2 de abril de 2012

criou tudo num dia só, porque tinha pressa e era o último dia antes do feriado ou das férias – nem se lembra mais – sabe que correu contra o tempo, que, aliás, estava abusando da sua imortalidade. Pensou nos detalhes sórdidos e nos requintes de crueldade, assim, casualmente, e achou que seria bom que houvesse a tragédia. Imaginou que poderia haver o dualismo, mas errou a mão e criou o trio e a trindade se santificou. Achou que podia querer lembrar do fio da meada e criou o livro de receitas de barro. Barro cru, barro cozido, barro vivo, costeletas de barro e farofa de poeira. Não queria fazer mais nada, mas esbarrou no copo d’água e se distraiu vendo as gotas caírem no chão. Achou bonito, triste e colocou uns raios para trilha sonora e luzes. Viu que o barro se dissolvia e procurou um modo de evitar que a água continuasse caindo. Achou uns bichos que bebiam muito, colocou dentro da inundação. Criou a lenda e o mito meio sem querer. Quem quisesse que acreditasse. Achou melhor justificar seu erro e criou a casualidade. Depois disso veio a poesia, pra que todos pudessem mentir com satisfação. Um idiota criou a mimeses e ele não pode impedir. Dava na mesma, eram replicantes. Achou a intertextualidade uma coisa interessante, mas não gastou mais de um milênio nela. Tropeçou num pedaço de matéria no escuro, caiu, xingou tudo ao redor e criou coisas feias e escuras. Chutou a pedra do caminho e quase acertou a Terra. Não fazia mal. Ela ficaria ali rodando ao redor da Terra como uma pérola gigante. Ficou com medo do escuro e de cair de novo; não lembrava direito o que tinha criado ao cair. Mas sua sombra ficara lá. Dizem que no seio da terra, queimando. Chamou a luz pra não tropeçar de novo e inventou um carro pra ela andar nele. Fiat Luxo. O ó caiu depois da primeira trombada. Tinha esquecido de inventar a lanternagem...

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