o homem ensimesmado
se atira no horizonte improvável
em busca dos sonhos que não tem
as coisas líquidas de desdém
arpoam as baleias do viável
já os dias não dizem nada
que o dizer não se pertence
as madrugadas vão em manada
a noite somente acresce
tudo é natural e conhecido
e o desgosto tem o mesmo
gosto do cheiro de ontem
as marcas da parede ainda
não vestiram a roupa de festa
nem se embebedaram da
irracionalidade que resta
tudo é pausa no estacato
da respiração do mundo
até o navegar ficou mudo
é o surto
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