2 de abril de 2012

o homem ensimesmado
se atira no horizonte improvável
em busca dos sonhos que não tem

as coisas líquidas de desdém
arpoam as baleias do viável

já os dias não dizem nada
que o dizer não se pertence
as madrugadas vão em manada
a noite somente acresce

tudo é natural e conhecido
e o desgosto tem o mesmo
gosto do cheiro de ontem

as marcas da parede ainda
não vestiram a roupa de festa
nem se embebedaram da
irracionalidade que resta

tudo é pausa no estacato
da respiração do mundo
até o navegar ficou mudo

é o surto

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