Não tenho onde ir
Sem me levar junto
As coisas parecem não querer
Minha pele já ressequida
Meus seios já murchos
de alimentar lembranças
mas preciso seguir
o caminho das esquinas
preciso sentir sua aguda
mudança de rumo
Sigo sonhando o sumo
da memória
e como se a história
pudesse ser contada ao contrário
termino no ovário
que primeiro me expulsou
encerrando o ciclo onírico de fatos
desencontrados e obscuros
que me carregam através dos dias
Agora o tempo pode parar
para que eu comece a viver
como sempre achei que seria
Não tenho onde ficar
sem me quedar
junto
Um comentário:
sei onde vou,
e vou comigo
minha pele é casca
rompe fácil
mas é o abrigo
com que conto
para o encontro
e o desencontro
em cada esquina.
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