10 de abril de 2013

Corria abril a olhos de lince
quando se deu conta que tinha fome
fome de gente que come gente
fome de um ente querido de morder
fome de escrever na pele lembranças
e outras andanças do escorrer
fome do gosto do cheiro
que é quando alguma coisa
parece ainda mais apetitosa
pelo cheiro do que pelo gosto
fome de esconder o rosto
nas palavras mais sujas
e gritar as tais cujas
sentindo a explosão dormente
fome de semente
e da mão forte
malinando puxando
agarrando submetendo
o que não é mais seu
de tão mesclado
fome de chegar do outro lado

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