25 de fevereiro de 2016

Minha primeira madrugada
Foi assustadoramente branda
E delicada
Sabía - me virgem
E teve o carinho de ouvir
comigo velhas músicas
de fossas que ainda não tinha tido
O locutor da rádio
Um canalha poltrão
As vezes tentava me dissuadir
Vá dormir ele dizia
E minha vontade de ficar
Com a madrugada
só minha
Aumentava
Nem sei direito como me desvencilhei dele
De sua arenga melíflua
Mas nos tornamos amigos enamorados
as madrugadas e eu
Hoje sei
Pândego irremediável
Que me tornei
Que talvez nunca antes
devesse tê-las tido por amantes
E que o locutor que amaldiçoei
Cometera um só pecado
O de pensar que poderia ter me salvado

Nenhum comentário: