16 de janeiro de 2017


Tenho medos arrancados à semente
Que guardo comigo como fetos de laboratório

Tenho preces cujo sentido nunca compreendi
E santos cuja vida exemplar me excede

Ululo na noite em busca do gozo perdido
À procura de quem aceite partilhar minhas mãos

Jogando o xadrez das estrelas com o sólido da solidão
Insólito em minhas rezas sou raso nas crenças
Mas quero esquecer o cinismo e amar ao luar

Sim coleciono estampas de sabonete
E velhos poemas sentimentais de quando

Já nem sei por onde ando
Contudo tenho o semblante calmo dos campeões
E dos que saúdam a incomunicabilidade das gentes

Forjo heróis que não se sustentam
E me obrigo a lutar com eles
contra minha própria tirania

Inda agora vi surgir o tal novo dia
Não trazia novidades
Apenas os mesmos lindos doces prazeres e dores

E a sensação de que viver e lutar
é importante e necessário

Mas não sabemos bem o porquê

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